Missão de trabalho: Kwanza Norte

Mais uma missão de trabalho. Ida ao Kwanza norte que, como é perto, o transporte desta vez foi terrestre, a bordo de uma pick-up "passa tudo"! Logística disponível: uma tenda e um número de telefone! Felizmente não usámos a tenda. Também não sei onde a poderia colocar!! Não há parques de campismo e o campismo selvagens tem um inimigo...as minas! E como estamos no país dos contactos...o número de telefone deu-nos dormida e uma boa recepção no caminho. De resto, para vos contar, tenho apenas paisagens...

Acompanhado pelo Sousa, óptimo companheiro de viagem, óptimo condutor, foram feitos 1000 quilómetros em 2 dias. Nada de especial se as estradas não fossem o que são!!

10% do caminho é feito em "tapete" novinho em folha...empreitadas chinesas!

Os restantes 90% do caminho são feitos em estrada em mau estado! Quando há alcatrão é o pior, sabem? Os buracos são bem mais agressivos e fundos. Obriga a um acelera e desacelera e desvia que, a certa altura, desafiou o meu enjoo!!

As estradas de montanha falam por si... Testemunham as dificuldades de a atravessar, especialmente com veículos pesados e especialmente na época das chuvas!! Camiões, autocarros, contentores no fundo do vale...enfim...com a desgraça de uns aumenta a cautela de outros!!

Depois temos as picadas. Sem alcatrão, com poucos buracos, permitem um andamento simpático, MAS....eis que nos cruzamos com um camião, dois camiões e fica de noite dentro da nuvem de pó que os persegue! Trava, desvia, continua...

Quem há mais tempo assiste a este polvilhar de pó é a vegetação! Engane-se quem pensar que é uma espécie endémica. Esta é uma palmeira, uma palmeira normal que sempre aprendemos como verde!

A plateia é constante, já me vou habituando! É curioso que os mais novos nunca me identificam como português! Antes de eu falar, sou chinês...depois de eu falar, sou brasileiro! São as nacionalidades que eles mais vêem e que estão muito presentes no interior de Angola a trabalhar, como já vimos, nas estradas...

Já me vou sentindo à vontade para alguns retratos destes pequenos curiosos. Muito tímidos, mas de sorriso fácil...

No caminho, casas coloniais em aldeias perdidas. Casas ao abandono, maltratadas, algumas sem telhado onde já crescem, perdão, onde já se desenvolvem árvores...

Esta chamou-me especialmente à atenção porque, apesar de toda a degradação, a imagem do Santo António mantinha-se imaculada, limpa e brilhante!

Floresta de embondeiros! Paisagem muito engraçada, com dezenas destas árvores africanas...

Imagem carcterística e que se vê muito pelo interior de Angola. Caminhantes, famílias de caminhantes que carregam tudo à cabeça. As mulheres carregam, além dos sacos, o filho mais novo às costas. E acho que isto é constante, porque há sempre um bébé nestas famílias! O calor deve ajudar à reprodução em massa...

Aldeias e mais aldeias....casas de adobe e, por menos casa que haja, está sempre presente uma bandeira do partido no poder: o MPLA. Em algumas aldeias há mesmo duas bandeiras...do MPLA e da JMPLA...

"Quem não tem cão, caça com gato". Uma trotinete feita em madeira...confesso, comovente!!