11 de abril de 2008

Destino Malanje

Mais uma sugestão de fim de semana. Agora a proposta é Malanje, no interior de Angola e a uns 430 Km de Luanda, para leste. Caminho que o fará passar por 4 províncias de Angola: Luanda, Bengo, Quanza Norte e Malanje... Conhecerá mais provincias numa só viagem do que muita gente que cá está durante meses!!


O caminho faz-se bem. Nas calmas, demorará umas 7 horas. Nas calmas quer-se dizer com paragens para fotografias, pequenos desvios, etc... A estrada está boa. Dir-se-ia que 90% da estrada está em boas condições...leia-se alcatrão sem buracos. A sinalização é pouca e os obstáculos são muitos. À medida que se afasta de Luanda, vamos passando por terrenos mais, muito mais rurais. Encontrará árvores tombadas, cabras a passear, caminhantes na berma, etc...vai precisar de muita atenção. Os destroços de acidentes passados são frequentes. Poderá chocar-se um pouco com o estado de alguns, mas...se quer um conselho, interprete-os como prevenção rodoviária...e concentre-se na estrada!



Muitas vezes encontram-se camiões avariados no caminho. Na falta de triângulo, usam troncos e pedras...no meio da estrada! A atenção vai ajudá-lo a reagir quando for numa estrada a rolar em velocidade cruzeiro e encontrar alguns buracos inesperados. É exemplo disso este esqueleto de ponte, no meio duma estrada onde se pode "voar" a uns 100Km/h. Apesar do aspecto, a ponte está estável e faz a sua função de "ultrapassar" o rio. Basta descobrir um espaço para fazer passar as rodas...e seguir caminho!

O itenerário passará por algumas cidades de interesse. O Dondo, uma cidade junto ao rio Quanza, é a primeira. A marginal abandonada permite-nos um passeio para avistar o rio, por entre o capim crescido nas margens. A lama é agora o piso, substituindo o alcatrão e disfarçando os buracos... Não se avista grande agitação nas ruas. Embora pacata, é uma boa paragem durante a viagem.

Como a cidade se estendo por ambos os lados do leito há, obviamente, serviço de cacilheiros. Embarcações tradicionais, a remos, transportam no entanto alguma tecnologia. Não sei como será em relação a seguros de carga, mas com telemóvel disponível, a vida fica mais facilitada!

A cidade a seguir é N'dalatando. Tem pouca construção em betão, mas não deixa de ser uma cidade bem apresentável! Muita agitação nas ruas e um espirito de bem estar. As pessoas, aliás, a esta altura da viagem, já são bem diferentes das de Luanda. Aqui já se trocam sorrisos, conversas e fotos.

A chegada a Malanje, algumas horas depois, faz-se com muita naturalidade. É uma cidade que, sem muito fazer, lhe dará logo as boas vindas. Parece que já a conhecemos antes de lá ter ido.


As avenidas são espaçosas, os edifícios mais ou menos mantidos...mantidos na mesma, mas com aspecto de que alguém lá mora e se preocupa com a casa! Igrejas, palácios, monumentos e palmeiras decoram a simpática cidade de Malanje. Também aqui a vida nocturna é simpática e cativante. O volume de pessoas que se dirige à discoteca Marimba é grande. Bons dançarinos, ambiente acolhedor e uma noite bem passada. Não deixe de lá dar um "saltinho de dança".

No dia seguinte aproveite para visitar as quedas de água de Calandula. Um caminho que lhe levará 2 horas por uma estrada em mau estado. A dada altura começam-se a avistar, ao longe, as quedas de água. Depois do Sumbe, até poderia haver suspeitas de algum roteiro de quedas de água, mas é coincidência. Até porque cada local destes é único e este, em especial, é assinalável! Não sendo justo fazer comparações, as quedas de Calandula são de uma dimensão imponente.

Antes de chegar perto do chuveiro gigante, passará ainda pela localidade de Calandula. Parada no tempo! As carcaças dos edifícios coloniais ficaram plantadas à beira da estrada e muitas vezes o interior é também um abandono...
Em relação, mais uma vez, à arquitectura, delicie-se e surpreenda-se com algumas construções.Para pernoitar nas quedas de Calandula, tem 3 alternativas, duas delas dir-se-iam conceptuais.
A primeira faz parte dum passado que ninguém parece querer lembrar-se. Uma pousada, numa das margens das quedas, está ao abandono...há muitos anos.

O pouco que ainda não foi abafado pela vegetação deixa-se ver num estado de degradação sólida. Não há caminhos à volta, não se faz a recuperação da ponte que lhe dá acesso e provavelmente suspeita-se de existência de minas em redor. Uma pena! A recuperação deste local daria apoio aos muitos visitantes (e são muitos) que cá passam e que começam a chegar às 8h da manhã...colocando de parte os que cá dormem. A pousada proporcionaria outra vista das imponentes quedas, proporcionaria belos passeios nas encostas que, nesta altura do ano, são de um verde contagiante.

E é essa natureza que se pretende encontrar aqui. Por isso, a segunda opção, também conceptual, embora menos, é uma pensão próxima do local da quedas. Quarto com casa de banho privada e TV. Conceptualmente bom, claro! Mas ainda estão a acabar de arranjar os quartos...a não ser que a lama do chão seja efeito dos azuleijos!, a não ser que o rasto de cimento na parede seja decoração moderna. Porque até já havia preçário! Por 30 euros terá direito a dormir o sono possívelmente tranquio.
Não despreze esta alternativa. Em África a pessoa habitua-se a viver com o que há. Quando há. E há pouco. Se cair uma tempestade forte vai achar muito mais piada a este aconchego...

Bom, seja como for, pode optar pelo campismo. Tenda, patuscada e uma noite bem passada em natureza. Aproveite o local e faça figas para que, se houver tempestade, seja passageira. Porque se ela decide ficar...lembre-se do quartinho com TV e gaste 30 euros! O ronco da trovoada e o seu eco fazer-lhe-ão lembrar que a "mãe natureza" é quem manda!

As quedas são perigosamente selvagens. Não é obrigatóriamente mau. Se não estiver com ideias suicidas, poderá dar um passeio, em consciência, e tirar fotografias. Esta é uma paisagem que até ajuda os fotógrafos mais ruins!


O miradouro, degradado, mas aparentemente estável, permitir-lhe-á ter uma vertiginosa vista sobre as quedas. Passe por aqui à noite, nalguma noite escura. O som da água e os trovões no horizonte são um momento para recordar!



Regresse a Luanda com calma. Lembre-se que as viagens não são só tirar fotos. Aproveita-se tudo! A ida, o estar e o voltar, com histórias, fotografias e energias recarregadas!

9 comentários:

Anónimo disse...

Que belas quedas de água...e magnifico roteiro.

Adorei a foto da tv na casa de banho.

:-)

Luis Cirne disse...

Esse hotel é um espetáculo!!! Um gajo ker ver a bola e nem tem de sair da casa de banho qdo gritarem golo!!! Bem pensado...

Anónimo disse...

Patrão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Que maravilha!!!!!!!!!!!!!!!!!!

macaca grava-por-cima disse...

Mais um roteiro sui generis... Dispensava o hotel!

macaca bzana disse...

Eu também dispensava o Hotel... Mil vezes acampar! :) E para quê uma tv na casa de banho???

André disse...

A TV não está na casa de banho...está no quarto. A casa de banho é que está no quarto, ou melhor, o quarto está dentro da casa de banho..e a TV está no quarto, quer dizer...sim na casa de banho, mas dentro....olha não sei! É um espaço com 4 paredes e tecto que conjuga a capacidade de quarto e as facilidades de casa de banho! Tudo isso...com TV associada!

macaca grava-por-cima disse...

E um chão imundo!!!

Joana disse...

Curioso como no meio de tanta beleza natural, o hotel foi quem mereceu mais comentários.

:-)

Anónimo disse...

A fotografia dos pezihos fez lembrar uma remota que acho ser dos primeiros posts!
GRANDE GUIA QUE ME SAISTE...
GRANDE HOMEM