19 de março de 2020

Poligamania

Grande parte dos homens Moçambicanos vangloria-se por ter 3 ou 4 mulheres. Têm a que chamam de “principal”, ou por outras palavras, a de casa. Depois têm namoradas fora do lar, às quais dedicam parte do seu tempo, tão pouco quanto o maior número de namoradas, acredito.

O nível de envolvimento entre o homem e as namoradas externas ao lar muda em função de diversas variáveis, levando um relacionamento de pura diversão, comprometimentos mais sérios (embora não formalizados) até, por vezes, ao nascimento de crianças (por vezes formalizados).

Não fique a pensar que é tudo diversão e que o homem comporta-se levianamente em busca de prazer, como cheguei a ouvir em Angola: “Fazer o quê? A pilinha dá para todas…”, imbuído de uma generosidade inconsequente.

Os relacionamentos secretos dão trabalho. Imagino o stress que é gerir agendas, percursos, perfumes, mensagens no telemóvel, amigos em comuns ou datas importantes. É assunto que me cansa só de pensar.

Há casos em que os relacionamentos são públicos, e todas as mulheres sabem da existência uma das outras. Aqui o factor de gestão de tempo fica suavizado, de facto.

Mas em ambos os casos, o factor custo é grande. Como gerir a despesa para as diferentes mulheres? Em vez de um presente, oferecem-se 3 ou 4? Tudo a multiplicar?

Ao pensar neste assunto calculei que a população de mulheres em Moçambique fosse 3 ou 4 vezes maior que a população de homens, ingenuamente considerando que não havia “conflito de interesses”.

Mas constatei que não. Há mais mulheres que homens, sim, mas quase na mesma proporção!

Então, partindo do princípio que “cada tacho tem a sua tampa”, ou seja, que todos nós temos direito a um par para partilhar o amor, há aqui uma intensa prática de poligamia, mas em ambos os lados da questão. É que a palavra poligamia, divide-se em outras duas:


poliginia, em que um homem tem várias mulheres, 


e a poliandria, em que uma mulher tem vários homens.



Assim, há vários tachos com diversas tampas, mas também há muitas tampas a servir vários tachos. Em linguagem informática seria o famoso “N para N”. Em linguagem social é a rebaldaria.

Fica evidente que, enquanto uns falam muito, as outras não dizem nada, mas todos o fazem.

Nos tempos que correm, acrescido a este frenesim de poligamia, há diversas variantes do amor que baralham a estatística clássica.


Seja qual for a opção, seria bom que prevalecesse o respeito e o amor….