14 de novembro de 2007

Até à fronteira...

Através de uma ginástica de folgas, feriados e fim-de-semana, arranjei umas mini férias Os feriados em Angola, quando calham a um Sábado ou Domingo, são legalmente deslocados para o dia de semana adjacente…fantástico, não? Mais um dia de férias e eis que obtive 4 dias para passeio… O destino foi o país vizinho mais próximo, a Namíbia.

O carro, conduzido por mim e por mais uma colega, foi emprestado pela empresa e tratava-se de um touro de força na forma de veículo! Land Cruiser de 6 cilindros, 4100 c.c, dois depósitos de gasóleo com 80 litros cada…uma máquina à séria, pujante e resistente a tudo. Perfeito para deslocações africanas.

A partida faz-se ao alvorecer, como mandam as boas práticas africanas. Sem luz na estrada, alguns carros com pouca ou nenhuma luz e com extensões grandes a percorrer, o melhor é fazer o percurso todo com luz do dia. Partimos ao nascer do sol, às 5h da manhã…

O caminho faz-se bem. É composto por vários troços, respectivas características, dificuldades e velocidades médias. No global fazem-se 400Km em 5 horas…nada, nada, mesmo nada, nada mau!! Troços com alcatrão esburacado que, na minha opinião é o tipo de piso mais adverso. O alcatrão dá-nos condições para imprimir uma boa velocidade quando, de repente, nos vão aparecendo buracos debaixo dos pneus. Desviamo-nos de um, de outro, mas são tantos que, às tantas, temos que começar a pensar em quais poderemos cair para minimizar os embates do carro. Às vezes somos mesmo apanhados numa turbulência sem ter por onde desviar… Troços com picada feita de brita fininha. É um bom piso…se não tivermos nenhum carro à frente a cuspir pequenas pedras que batem no vidro e nos braços, se as janelas forem abertas. Troços de areia que, às vezes é a melhor opção para contornar o alcatrão que resta.

.Foram-se criando, ao longo do tempo, estas picadas que acompanham a estrada e dão descanso à suspensão do carro. No final desta descrição devo ser justo e mencionar que ao longo de todo o percurso vão-se vendo obras e movimentações com o objectivo de melhorar as estradas. Posso dizer-vos que em 3 dias passados da nossa ida, tínhamos, no regresso alguns troços melhorados. Posso dizer-vos também que, há um ano atrás, estas 5 horas eram 7!

A fronteira terrestres de Angola com a Namíbia é uma divisão entre países, costumes, civilização e maneiras de ser na vida!!

Do lado Angolano o caos é geral. Trata-se dos papéis a reboque de algumas burocracia, diferentes guichets, pagamentos, e filas. Filas que têm uma forma totalmente aleatória, formando, por vezes, aquilo a que chamamos “fila indiana”. Maior parte do tempo a ordem de atendimento é uma luta de cotovelos silenciosos mas firmes para se afunilarem numa janelinha de 1 metro quadrado. Para nos atender temos uns desleixados funcionários que, vestidos como querem, dentro de um contentor, “lá vão fazendo as coisas”! Venda de fruta, berros, trocas de dinheiro, crianças temporariamente abandonadas, esquemas de travessia…é o cenário que nos envolve.

Do lado Namibiano temos um edifício sólido onde somos recebidos por polícias fronteiriços devidamente fardados que falam inglês (língua oficial) mas que vão fazendo um esforço para entender o português também. Preenchemos um papelinho, temos direito a um carimbo e já está: Welcome to Namíbia!

Muda a faixa de rodagem, muda a língua, muda a moeda, mas numa primeira fase não muda muito mais. Na fase de transição a língua que mais se ouve é o Português e o caos de compras e negócios fronteiriços é grande. Só uns quilómetros mais à frente nos apercebemos do novo país: ausência de lixo nas bermas, sinais de trânsito frequentes, boas estradas, semáforos funcionais, edifícios sólidos e indicações rodoviárias.

O primeiro desafio foi, no entanto, na fronteira. A condição para podermos levar o carro foi trocar jantes e pneus!! Trocar dinheiro, saber preços, fazer regras de três simples sob pressão para acompanhar a recente troca de moeda, fazer contas, telefonemas, regatear, negar, reconsiderar e….3 horas depois estávamos de novo na estrada, com nova “xanata”.

Todo este rodopio em 3 línguas! Português que alguns deles aprenderam como estratégia de negócio, Inglês e Quanhama (um dos dialectos mais comuns na Namíbia). Português e Inglês entre mim e eles, o Quanhama entre eles…

Mais duzentos quilómetros e entrámos no Etosha National Park

6 comentários:

macaca bzana disse...

Andrezito, ainda bem que decidiste ir neste fim de semana... é bom teres estas oportunidades enquanto estás aí. Assim, vais conhecendo sítios completamente diferentes e apercebendo-te das diferenças!!! Só te digo uma coisa: que inveja! Beijosssssssss

Fada da felicidade disse...

não percebi. Porque é que tiveram que trocar as jantes e os pneus?

Joana disse...

Que pinta de jipe!!
o
400 km em 5 horas não é mau, deve ser bem fixe ver o acordar ao longo da estrada.

Tenho a mesma dúvida da Fada, porquê mudar jantes e pneus?

E agora queremos um novo capítulo...

bjs

André disse...

Os pneus tinham que ser trocados por uns mais apropriados à picada. Não por causa da nossa viagem, mas porque o carro precisava mesmo! Assim, juntou-se o útil ao agradável! Disseram-nos: "ok, levam o carro, mas trocam os pneus!"

Capiche??

Joana disse...

Compreendido, uma espécie de pagamento pelo aluguer!!!

macaca grava-por-cima disse...

Que bela passeata amigo andré!! Finalmente foste conhecer as dunas vermelhas? Queremos mais fotos de uma das paisagens mais exclusivas e admiráveis do mundo!

Beijos