
Magro, com ar aparentemente frágil, deixa as aparências de imediato por terra, para quem fala com ele. Ainda tremelica com a adrenalina acumulada da viagem, tem um sorriso preso no rosto e no olhar quase se podem adivinhar os tantos e diferentes horizontes por que passou. Mas essa é a magia da viagem. Quem fica pode tentar adivinhar mas, quem vai, guarda na memória.
Penso que o sentimento é comum a muita gente…quando se vê um viajante do género. Medito, sobre o meu atlas mental, nas viagens que gostaria de fazer. Olhar fixo no espaço, alheio ao redor e, em silêncio, vejo-me em tantos sítios de tantas maneiras. Dá-me vontade de dar um berro de libertação e desatar a correr, iniciando assim a minha própria viagem, com destino incerto. Mas a julgar pelo calor, não iria muito longe, acabando uns quilómetros depois arfando de cansaço! Contive-me e voltei ao trabalho.
No entanto, nos meus planos não deixa de estar uma viagem de tal calibre. Mas não com um jota, que eu sou pessoa mais virada para os números. Eu idealizo um sete estilizado que comece em Moçambique, percorra o leste e norte Africano e acabe em Lisboa, a magnífica! Aumento mais duas rodas ao veículo e irei num confortável todo-o-terreno a apanhar porrada por essas estradas acima…
Mas os sonhos, esses, são como a cenoura agarrada à cana de pesca, na frente de um burro: podemos nunca os alcançar, mas são eles que nos movem…