10 de fevereiro de 2011

Imaginação infantil

Brincar é importante. Eu diria fundamental para crianças e saudável para adultos! Quem não se lembra de: “agora estas rochas são o meu castelo, só entras se conseguires ganhar-me e só podes ter 5 balas…”, ou “Vamos construir uma pista de carros maior do que da outra vez e fazer uma corrida…”? Ou atirar sapatos aos ramos das árvores a ver se caíam frutos. Às vezes tinha-se sorte, outra ia-se para casa descalço e com fome. Ou simplesmente atirar pedras uns aos outros e parar quando o primeiro partisse a cabeça. Aahhh...recordações!

Momentos de pura imaginação que só ajudam a criança a crescer. Momentos de absorção onde se pode ser o que se quiser, durante o tempo que parece ilimitado…até os adultos chamarem para alguma tarefa certamente menos apelativa.

Há contextos sociais onde há uma oferta vasta brinquedos, todos eles aprovados por regras de segurança internacionais e pensados para os diferentes estímulos da criança. Há contextos sociais onde essa oferta é inexistente, embora persista a intuição de brincar, transversal a todas as crianças saudáveis. A criança tem que ter tempo para ser criança e fazer coisas próprias da idade. E…onde não há feito, inventa-se!





Foto: Yumi Choi

Foto: Yumi Choi







E depois disto, se não se importam, vou brincar…


6 de fevereiro de 2011

Pés no terreno

Finalmente iniciei os trabalhos de campo! Muitos de vocês perguntam: “mas este gajo afinal trabalha?”. É verdade. Apesar da Tertúlia não o transparecer, trabalho. Vim para Moçambique em Fevereiro de 2010 inserido num projecto de cadastro de terras. Algumas das tarefas são: medir terrenos, averiguar a legalidade dos terrenos, averiguar acessos, fazer levantamento de conflitos, produção de mapas, dar formação, etc…

E alguns de vocês questionam-se: “mas este malandro está lá há quase um ano e só agora é que sai do gabinete!?”. E têm toda a razão em perguntar, mas eu não tenho resposta nem capacidade para explicar. Comecei agora. PRONTO. Partamos daqui.

O trabalho de campo implica:

- Apesar de beber litros de água, praticamente não urinar, tal é a transpiração;

- Preparar bem a roupa para enfrentar o tórrido sol africano;

- Passar 6 a 7 horas sem comer;

- Caminhar quilómetros em pleno mato abrindo, por vezes, caminho à catanada;

- Apanhar escaldões onde a roupa permite a ousadia do sol;

- Ter conversas em dialecto, com tradutor…


Muita gente se queixa:

- Das moscas;

- Dos arranhões das plantas;

- Das bolhas dos pés;

- Da poeira;

- Dos raios solares mordazes;

- Do calor;

- Do cansaço…

E há quem não se queixe. Pés descalços, imunes à temperatura do solo ou às muitas adversidades que as pedras e picos oferecem, muitas vezes a abrir o caminho. Solas calejadas formam o sapato mais natural que pode existir…