17 de agosto de 2015

Segundo casamento

Agora que começo a escrever este texto é que me vem à cabeça o ditado "não há duas sem três". Acho que teremos que organizar uma qualquer forma de casamento em Moçambique!

Mas para já vou contar a história do segundo casamento, com a mesma mulher (já por si um feito!). Abstraiam-se do que sabem sobre casamentos…aqui estamos numa cerimónia oriental.


Nenhum dos noivos sabe o que se vai passar, apenas sabem que têm que se aprontar para estar à altura de tal cerimónia. Noivo e noiva vestem-se no mesmo local, ajudando-se um ao outro inclusive para que a roupa fique composta.




A Bia também teve direito a vestimenta. Mas não parece estar satisfeita…


O “guiché de pagamento”! OS convidados começam a cerimónia passando por esta mesa e dando a prenda aos noivos, em formato monetário. É registado o nome e valor da pessoa num caderno e em troca esta recebe uma senha, que lhe permite ir ao restaurante comer a refeição.


Muitas das pessoas, aliás, fazem mesmo isso, e vão directos à mesa. Mas aqui tivemos sorte, pois casamentos com estrangeiros não são comuns, então aderiram mais ao “espectáculo”

 A Bia ainda tinha fita, mas o vestido há muito que tinha sido rejeitado. Chorava desalmadamente.

 Momento para as fotos de família, devidamente trajados…já sem Bia!



A entrada do noivo teve pompa e circunstância! Carregado numa liteira por membros da família da Yumi, eis que entrei principescamente no recinto de casamento. Não me perguntem o porquê da bandeira vermelha, pois até hoje desconheço o significado. Só tinha que a ter erguida em frente à cara…


 A primeira tarefa do noivo é fazer a vênia ao sogro, mostrando respeito e compromisso.


 Aquilo que eu achava que era um pato, soube mais tarde tratar-se duma gaivota. Ofereci a gaivota ao futuro sogro, com duas mãos, acompanhado de vênia…


 Foi a vez da Yumi entrar, numa liteira ainda mais pomposa! Os mesmos desgraçados a carregar…

 Vou buscá-la e fazemos a vénia, mostrando lealdade. Nada de aproximações, com as cabeças a um metro de distância foi o que de mais sensual houve naquele momento.


 Começa um ritual com a noiva e o noivo em cada lado do altar, que tinha duas galinhas vivas em cima (ainda pensei que a dada altura teríamos que decepá-las, mas não…sobreviveram). Entre vénias, comida e licor de arroz, vão-se passando promessas para desejar boa sorte ao casamento.

  

Casados, lado a lado (nada de beijo), pousamos para a foto de família, agora alargada.


 E os noivos deixam o recinto, já lado a lado. Não há mãozinha dada pois a Yumi ainda tem que carregar o pano ao peito. Também ainda não há beijinho…


 Nem vestido, nem fita. A Bia continuava a chorar. Como as mulheres da família tinham penteados ornamentados e maquilhagem, a Bia não reconhecia nenhuma delas, nem a mãe! Só acalmava ao colo dos homens.


 Então, ao colo do pai lá acalmou. E a mãe prosseguia com as cerimónias sozinha. Atrás duma mesa cheia de comida, a família ia deixando desejos de saúde e boa sorte.




 A comida coreana é absolutamente deliciosa, muito variada e servida em pequenas taças. O nosso prato principal é apenas arroz branco e os acompanhamentos são ao sabor do desejo. Muitos vegetais e também muitos picantes, geralmente acompanhada com cerveja e soju (licor de arroz) cuja a mistura acelera e intensifica o efeito da cerveja!


 Em terras orientais, não podia falhar…o Karaoke…


 …a que nem mãe e nem filha resistiram.


 E o comboio! O comboio faz a ligação entre a estação de Santa Apolónia e o apeadeiro de Daegu. As culturas podem ser muito diferentes, mas há coisas que são transversais. O comboio é uma delas, quem diria?