26 de outubro de 2010

Postais da Malásia



Kuala Lumpur pareceu-me uma cidade que quer correr para a modernidade, mas anda sempre a tropeçar na tradição. Não sabem gerir a convivência entre edifícios modernos e clássicos. Praticamente não há áreas de lazer e os engarrafamentos espreitam a cada esquina...

A melhor recordação desta capital é a dona (e a sua filosofia) do local onde estivemos hospedados. Fez-nos sentir em casa, com uma maneira de receber muito à vontade. Regras de convivência todas baseadas na confiança e teve sempre tempo para conversar e ouvir. Mulher muito viajada, dizia sempre: "eu não viajo para ver locais, mas para conhecer as pessoas!". Faltou-lhe conhecer Portugal... Obrigado Susy.

Constrói-se a uma velocidade impressionante, grandes estruturas, numa azáfama em busca de prestígio. Prova disso é a bandeira de orgulho (para além da nacional) com base nas segundas torres mais altas do mundo, as Petronas, propriedade duma petrolífera.


A mesquita central é, no entanto, uma agradável surpresa. Assente no pulvilhar de trânsito, poluição e barulho, oferece-nos um espaço de calma e reflexão, não obrigatoriamente religiosa. Vestidos a rigor, para não mostrar joelhos nem ombros, com cobertas da cor da moda (como se eu percebe-se alguma coisa de moda!!).


Um local de reza, com espaço interior e exterior, que consegue albergar cerca de 15 mil pessoas. Mas o mais surpreendente desta mesquita é a abertura cultural com que nos recebe. Vários panfletos e pessoas presentes estão disponíveis a explicar-nos a religião muçulmana, logo ali, no local próprio. Formas de reza, jihad ou profetas são um exemplo de assuntos abordados. Muito interessante!

Depois, fartos da cidade, resolvemos dirigir-nos à costa, e fomos recebidos por Malaca, a simpática Malaca.
Malaca é daquelas cidades que, na minha opinião, merece elogios de pessoa. Isso mesmo. Eu diria que é uma terna e afável. Não me perguntem porquê. Não tem nada de especial, mas desperta em mim este estranho comportamento.

Um local cheio de história, a mais de 10 mil Km de Lisboa, que viu passar por aqui 4 diferentes colonizadores, que foram lutando sucessivamente para substituir o próximo reinado. Todos eles destruíram o que os anteriores tinham feito e tiraram proveito da estratégica posição geográfica. Mesmo assim, Malaca apresenta-se hoje um poço de história e uma senhora com maquilhagem retocada, muito distinta, quase ocultando as cicatrizes que ocupam os seus alicerces.

Tivemos uma apresentação oficial e pomposa de como beber chá. Não se riam. Beber chá não é por saquetas em canecas e despejar água proveniente duma chaleira eléctrica. Isso é heresia! Beber chá é um ritual delicioso, com vários instrumentos de auxilio e um respeito sepulcral para com aquelas folhas milagrosas...





O museu é interessante, mais no 2º andar do que no 1º. No primeiro há uma colecção atabalhoada de coisas que foram encontradas. E não procuro perfumar a descrição dos elementos expostos, eram mesmo, no fundo, coisas. Algumas encontradas a vulso e colocadas, por acaso no mesmo expositor. Balas que não são do mesmo tamanho do canhão, louça que pode ter vindo da casa de alguém na semana anterior, etc...

O segundo andar faz um apanhado muito interessante das diferentes passagens dos invasores, com pinturas, escritos e maquetas...e, claro, MAPAS!

Para terminar a estadia, uma primeira abordagem ao mundo das massagens. Desta feita reflexologia nos pés. Que bom que é! Mas quem disse que era suave? Porra...que por vezes temos a sensação que nos arrancam os dedinhos um a um. No final, depois de recuperar a sensibilidade no pé, ou mesmo a consciência de que afinal ele ainda lá está, sentimo-nos leves e refeitos.
Autocarro nocturno e barco transportaram-nos para o norte. Pela quantidade de gente que vomitou no barco tive a sensação de que estávamos a ir para as Berlengas, mas não. Atracámos em Penang. Ilha que nos oferece vegetação, calma, festas, pessoas especiais e praias, embora de calibre reduzido (eu sei que vivo em Pemba, mas acho que é de calibre reduzido e de opinião geral).



...e macacos espertos! Um deles roubou-me uma garrafa de Ice Tea e pôs-se em cima duma árvore a bebericar e a provocar-me. O cabrão!


12 de outubro de 2010

Postais de Macau

De Hong Kong apanha-se um ferry, em direccao a Macau. Partem com enorme frequencia e levam apenas uma hora.
A bordo, os 3 viajantes dao de beber a sede, com cha de cevada...

Macau tem, eu diria, tres frentes completamente diferentes: a componente tradicional, a componente mais turistica e a do jogo.
A parte tradicional oferece-nos mercados tipicos, no minimo, cativantes. Apresenta-se-nos uma variedade imensa de produtos, maior parte incluidos na minha ignorancia.

A descoberta de tais iguarias faz-se pelo cheiro e pelo aspecto. Accao que nos leva, por vezes e sem nada experimentar, a contorcer o estomago ou a criar agua na boca.

Quase todos os animais que estao expostos, estao vivos. A morte chega-lhes de forma natural, assim que sao escolhidos em troca de algumas patacas... Em menos de 5 minutos vi frangos a serem degolados e peixes a perecerem com pancada na cabeca. Cheguei a ver um peixe que ja estava cortado, sem rabo, e ainda tinha tremeliques. Tudo muito fresco!!

Cabecas de galinha

Sapos na jaula que lhe da acesso ao corredor da morte, em direccao a uma frigideira qualquer...
Mas como nem so de estomago vivem os mercados...ha tambem lugar a alfaiates, que nos medem no local e nos vestem, para que possamos, depois de comer, ir jogar com boa aparencia.
Na zona sul de Macau existe um local com areia, banhado por agua. Mas seria uma injustica chamar-lhe praia...seria injusto para as praias que o sao na realidade. Este espaco e deprimente e nada apelativo...
Templos Taoistas...

Vestigios portugueses...com a merecida homenagem ao poeta Camoes.

A famosa igreja de Sao Paulo...que e, na minha opiniao, uma desilusao. Resta apenas a fachada, mas isso nao seria problema se houvesse explicacoes e nao estivesse invadido de chineses a tirar 1000 fotos por minuto. Eu acho que eles nem param para ver a fachada ao vivo...
Ao vivo existe a substituicao visivel de locais historicos por edificios extravagantes dos casinos.

Calcada portuguesa, que cobre parte da zona central da cidade e e o tapete para todas as nacionalidades.

E a componente do jogo. Um vicio que Macau alimenta, que alimenta Macau e que e a bandeira deste local. Dezenas de casinos, abertos 24 horas por dia, sempre cheios! Rios de dolares em jogo...nos que estao a vista. Calculo que em salas privadas se joguem oceanos de dolares.

E nao sei porque, mas associado aos casinos esta sempre o piroso. Neste caso, dentro do maior casino de Macau, podemos passear de gondola...fotografando uma Veneza a fingir.


7 de outubro de 2010

Postais de HONG KONG

O teclado e Chines...desculpem a rude escrita...


Quando tudo parece Chines...e-o mesmo! E depois do choque publicitario que sofremos a todo o momento...ate conseguimos ver que ha letras familiares.
MOVIMENTO acho que seria a palavra que descreveria, de froma simplista, o local. Um mar frenetico de barcos banha uma cidade repleta de arranha ceus, freneticos de negocio.
O que destoa aqui e parar...e admirar a energia da cidade, numa calma alheia ao movimento.
A cidade ensina-nos como gerir 7 milhoes de populacao fixa, e milhares de visitantes a qualquer hora. O transito chega a ter 3 ou 4 niveis de viadutos, em altura, para escoar transportes publicos, carros, pessoas, etc...
Numa superficie reduzida, como encaixar tanta gente? Facil...em "gaiolas" distribuidas em altura...
O preco a pagar e a poluicao que ja assombra Hong Kong. Maior parte do tempo tem um "smog", que e misto nuvens e misto fumo...o ar que se respira deve muito a qualidade. A noite as estrelas nem se veem! Sao substituidas pelos satelites artificias criados pelas luzes dos edificios.

Os petiscos sao um forte. E mesmo quando esta tudo em Chines...


...nada como apontar, gesticular e aguardar que cada iguaria escolhida seja processada no WOK...em 1 ou 2 minutos. Chas nas esquinas, para matar a sede e enfrentar a humidade quente da cidade, sao uma optima solucao...

Os mercados ainda va que nao va...agora os centros comerciais??? Mas que DOENCA! Existem aos milhares, com varios pisos, centenas de lojas, sempre cheias! Quem me explica isto?

E uma cidade frenetica...movida pelo negocio, cosmopolita, consumo desenfriado, influencias diversas, produtos de topo, produtos de imitacao, gente que nao acaba a brotar em cada esquina.
Mas como em tudo...ou se embarca na aventura...ou se fica em terra...