25 de dezembro de 2011

iFever

Parece estar a alastrar-se uma febre tecnologica em Seoul que genericamente chamo de iFever. E’ o aumento exponencial de smart phones, na sua grande maioria iPhones. 



 Seoul e uma cidade muito agitada com pessoas a correr de um lado para o outro. O metro e autocarro sao os transportes, por excelencia, escolhidos pelas pessoas. Deslocam-se pela cidade quase em ritmo continuo e parecem ir a todo o lado. Para passar o tempo as pessoas foram contagiadas por esta iFever, passando o indicador ou o polegar nessa janela para o mundo que e o iPhone. E’ de ficar impressionado com a quantidade de pessoas que o usam: fotografias, chat, internet, filmes, jogos, mail, mensagens, chamadas e ate’ espelho para maquilhagem. Tudo e’ possivel, em qualquer lado, de forma rapida.


 Eu confesso que a dada altura da minha vida ate gostaria de ter um iPhone, mas agora acho que enjoei! Nao, nao e uma negacao ao progresso. Talvez uma critica ao facto das pessoas parecerem cordeirinhos de cabeca espetada num aparelho mais pequeno que a propria mao...




No metro consultam o mapa das estacoes, sem se dar ao trabalho de levantar a cabeca e ver, por cima da porta, o diagrama. Numa grande superficie comercial consultam, via web, o artigo que querem, sem ter que procurar nos corredores. Numa mesa com varias pessoas chegam a estar todos ligados ao chat ou redes sociais, cada um sintonizado para seu lado. Parece esquecerem-se que tem outras pessoas na mesa com quem podem conversar e estender a rede social mais antiga de todas: a relacao com base na fala ao vivo. 





Mas que antiquado eu me tornei...


20 de dezembro de 2011

Primeiras impressoes Coreanas


 Um frio do caracas! E eu a pensar que em Portugal estava frio, quando apenas se tratava de um verao fresco! A minha chegada aqui foi batizada com -10 graus celsius!




Agitacao organizada e eficaz. A Coreia, pouco maior que Portugal, tem 5 vezes mais populacao. So em Seoul vivem mais pessoas que em Portugal inteiro. Das duas uma...ou fica o caos, ou ha uma organizacao exemplar. A verdadeira historia e que tudo parace arrumado, calculado e previsto.




 Uma oferta comercial como so na Asia acontece. Perdido em traducao como muito acontece na Asia.


 Comida: esse momento quase divino vivido pelos Coreanos. Agarrado aos pauzinhos, ataco cada tigela com curiosidade de descoberta. Sabores e rituais todos muito diferentes...


 O texto vai sem acentos e cedilhas, claro! Mas sempre e melhor do que ㄺㅅㅎ너녀ㅗ

5 de dezembro de 2011

Próximo(s) horizonte(s)


Portugal

Coreia do Sul

Tailândia

 Cambodia

 Laos

 Vietname

 E umas merecidas férias...

9 de novembro de 2011

Água é vida


Já aqui vos falei da "minha praia", a praia que fica a 30 metros da minha casa e para onde me dirijo já descalço e com o óculos de mergulho na mão. Esta praia muda drasticamente de figura quando a maré muda. Na maré cheia a água vem muito próximo do acesso, dando pouco espaço à areia.


Na maré vazia a água foge para longe, deixando a descoberto um enorme campo de areia, corais, algas e uma vida animal que resiste nas várias poças.




Foi isso que fui explorar outro dia, com máquina fotográfica na mão e vos trago hoje:





Estrela do mar 1




Estrela do mar 2



Peixes pequenos e fugidios, difíceis de capturar




Ouriço do mar. É um exemplo que ficar estático é a melhor defesa, com os seus picos afiados e prontos a partirem dentro da vítima, deixando a dor por algum tempo...



Carregando a casa às costas



Alforreca 1.
O choque desta parece o toque da pele numa panela quente. 



Alforreca 2. 
O choque desta faz-se com a “cauda”, um fio que parece um serrote a passar pelas pernas.




Quando vou fazer o meu exercício de natação, tenho o privilégio de sobrevoar, a cada braçada, todas estas faunas e floras que ficam cobertas com o manto da maré cheia, distraindo-me entre corais, peixinhos ou choques de alforrecas...uma animação!




22 de outubro de 2011

Contágio musical

Apesar do burburinho em redor, o som começa a fazer-se sentir, contornando as orelhas e invadindo os tímpanos sem cerimónia. O corpo fica leve, com alguma dormência e não fico indiferente. O meu tronco assemelha-se ao de uma árvore jovem, baloiçando ao vento, mas sem deixar de ter a raiz fixa. Os ombros começam a fazer uma espécie de exercícios de aquecimento, rodando, lentos e alternados. O pezinho, esse famoso batuque, pauta já o ritmo e as mãos parecem querer tocar um instrumento que não sei tocar nem está presente. Reparo que, por instinto, as sobrancelhas parecem um equalizador, nervosamente sensíveis ao que ouço.

Endireito-me na cadeira, descolando as costas do encosto e lavo o assento com o rabo, esfregando-o com ritmo. Agora confio na resistência da cadeira para que aguente a agitação com que a sobrecarrego. O espaço de dança já começou a ter pessoas e sinto vontade de me juntar. As pernas saltitam como se o chão estivesse em brasa. Os pés já não pousam mais. Os lábios abrem e fecham numa linguagem inaudível, a linguagem dos maestros que assistem ao resultado da sua batuta, trauteando os ritmos em silêncio.

Salto da cadeira, não sei se empurrado pela coragem ou à procura dela, com os braços flectidos e agitados em jeito de corrida. Olhos fechados. Começo um jogo de ancas numa finta eterna das pernas, sem bola nem adversário. Nem a corrida me tira dali, nem a finta me dá algum golo. Semicerro os olhos com timidez, levantando, pelo mínimo, as pálpebras. Vejo em meu redor, mas através da cortina das pestanas. Os ombros agitam-se ao estilo de pugilista antes da competição, mas os braços desmancham qualquer agressividade, não saindo da zona da cintura. Às tantas são as ancas que me puxam para o lado esquerdo, desenhando um arco com o corpo. Os pés dão pequenos saltos para o mesmo lado, numa divertida fuga à presa invisível. O exercício repete-se para a direita, e para a esquerda... Solto um sorriso aberto, cheio de energia. Não estou ligado à corrente eléctrica. Melhor que isso, tenho baterias próprias todas bem carregadas. Murmuro o refrão dando força à dança. Não que pense em parar antes do fim da música, mas injecta-me nova energia para variar a coreografia, num bailado que já pouco tem de geométrico e se deixa ir...

Estarei a exagerar? Ora experimentem esta pomada...das velhinhas, mas das boas!

Esta é uma das componentes da famosa magia de África, que muitos falam mas que poucos a sabem explicar completamente. Esta magia tem pregos que nos picotam o cu e nos atiraram para uma pista de dança, improvisada como não...



16 de outubro de 2011

BRAVO, Gonçalo!



Com uma força mental inabalável percorreu um sonho com a sua Miss. Umas vezes à boleia dela, outras vezes com ela às costas. Andou por sítios que chamou de estradas, onde muitos não conseguiriam sequer ver caminhos. Uma experiência para a vida. Para esta e para a próxima! Embora eu acho que o bichinho ficou e outra viagem virá!

Passou em Pemba (Moçambique) em Novembro de 2010 e chegou ontem a Portugal...

Rendo-me e confesso: nestas situações não sei conjugar as palavras de forma suficiente para prestar a devida homenagem!


Ficam os números:

- Mais de um ano a viajar em África;

- 50 mil quilómetros a bordo da Miss;

- Dezenas de fronteiras africanas.


Ficam algumas fotos (tiradas do blog dele):





Fica o link para o blog que foi alimentando com as peripécias e fotos soberbas.



PARABÉNS!!


13 de outubro de 2011

4 de outubro de 2011

Postais de Nairobi



Tenho que começar por dizer que Nairobi, cidade a uma altitude de 1700 metros, com cerca de 3 milhões de habitantes tem uma política pública contra o tabaco. Eu reforço a ideia: é proibido acender um cigarro nas ruas! “E esta, hein!?”, diria o saudoso Fernando Pessa. Não conheço nem tenho conhecimento de uma cidade com tal medida, por isso ali estava eu, numa agitada cidade africana, espantado com tal facto.
Mas desiludam-se os anti tabagistas, pensando que se vive um ambiente cristalino nesta cidade. O estado envelhecido dos transportes públicos, com uma mecânica movida a improviso, provocam uma poluição preocupante.

Nairobi, que podia ser uma cidade verde, pela frequência de parques, é muitas vezes um cenário cinzento acastanhado.

É um daqueles lugares que luta constantemente com o repentino crescimento, e consequente volume de trânsito. O matatu (um dos tipos transporte público) é um dos provocadores desta poluição, mas ao mesmo tempo apresenta-se como uma excelente alternativa de locomoção.

O matatu (candongueiro em Angola, chapa em Moçambique) não é mais do que uma Toyota Hiace, originalmente de nove lugares, mas modificada para levar um pouco mais. Fiquei no entanto agradavelmente espantado quando percebi que a lotação era limitada a apenas 16 pessoas. Quando enche, fecham a porta (que até lá vai sempre aberta com o cobrador empoleirado a tentar angariar clientes) e seguem caminho até haver nova vaga deixada por alguém que sai.

Serpenteiam o trânsito pondo em prática aqueles desejos mais extravagantes que todos temos quando estamos bloqueados no tráfego:

“e se eu fosse pelo passeio?”

“se eu fizesse apenas meio quilómetro em contramão chegava num instante!”

“era só passar os vermelhos todos e estava resolvido…”

Pois eles fazem-no…só não voam!

A influência cultural em Nairobi sente-se bem e é bem-vinda! Gente de todas as cores e feitios concentram-se naquela cidade. E isso, digam o que disserem, é bom!

Podem-se experimentar vários sabores, de vários cantos do mundo. Realço dois:

Carnivore: é uma viagem ao mundo da carne, como diz o próprio nome!

À entrada temos uma fornalha, que faz lembrar as descrições do inferno, onde jazem diversos tipos de carne. O pecado, diriam os vegetarianos, uma delícia, digo eu, omnívoro.

O menu tem uma percentagem reduzida dedicada aos que não comem carne, no meio de outras tantas opções excêntricas em redor dos animais. Não me parece que a ala vegetariana frequente muito este local…

A carne vem para a mesa em modo contínuo e só quando dizemos basta é que eles param. Até aqui nada de diferente de um qualquer rodízio de carne, espalhado pelo mundo. A marca deste restaurante faz-se sentir quando começa a vir carne de camelo, crocodilo ou avestruz.

Restaurante polémico que esgrima com a lei a oportunidade de servir carne de caça. Contraditório, podem-me acusar depois de ter mostrado fotografias de Masai Mara, mas se as coisas forem feitas com conta peso e medida, todos estes cenários antípodas podem conviver na mesma mente.

Coreano: com a companhia certa, uma guia por excelência a estas incursões do paladar, deixei dar-me a conhecer aos sabores do longínquo Este asiático.

Nem toquei no menu! De repente tudo se desenrola à nossa frente: um empregado sorridente trazendo soju, avivando a brasa e trazendo vários pequenos pratos com coisas de várias cores. Para quem nunca experimentou, aqui fica o meu aviso: comida picante!

O mais interessante deste picante (sim, porque o picante não é todo igual e tem coisas interessantes) é que a pessoa não se apercebe de onde vem. Qual o pratinho que tem picante? Resposta: quase todos.

Mas a reacção ao picante vem uns minutos depois, quando já estamos concentrados noutro pratinho e, quando começamos a sentir o calor já comemos de 3 ou 4 pratinhos e já não sabemos qual o responsável. Verdade é que é tudo saudável e delicioso e como não se consegue parar, aceleramos a respiração, suamos e bebemos mais soju

O artesanato é vasto, bonito e poderá ficar barato, se soubermos escolher o sítio e regatear. O mercado da cidade é para esquecer: preços começam no quadruplo do que deviam e a descida de preços é a conta gotas. Mas há vários mercados pela cidade onde vale a pena pousar os olhos…