15 de fevereiro de 2015

Regresso à estrada

Ao fim de muito tempo, eis que regressei à estrada. E que regresso: quase 1400 km, feitos em dois dias. Quase como sair de Lisboa e ir fazer uma visita de trabalho a Paris! A dimensão das distâncias africanas tem outra escala...


Paragem técnica em Inhassoro, para pernoitar. Ao nascer do sol, começou a segunda etapa.


Travessia do rio Save. Funciona quase como uma fronteira dentro do mesmo país. Não é permitido transportar alguns bens por esta ponte. Pode parecer estranho, mas tem como fundamento a protecção de algumas doença. A mosca da fruta, que é mais comum no norte e que se tenta estancar a passagem para sul.


A mítica serra da Gorongosa. Não obstante do momento cinzento que traz na politica, também a meteorologia insiste em vincar esse ambiente.


...e dois dias depois chegamos ao destino: Caia, nas margens do rio Zambeze. Um rio imponente e que, com as chuvas, já alaga as margens e destrói machambas. Mas infelizmente já não é noticia, por ser rotina anual.


Aviso curto e incisivo aos banhistas, pescadores, passageiros, lavadeiras de roupa...


Criação de pombos.....para comer. Pode parecer chocante a um Lisboeta como eu, habituado a ver estas aves em plena cidade a comer todo o tipo de porcaria! Mas analisando de forma fria, esta produção não difere muito dos frangos ou patos. Basta perceber o ambiente onde são criados e o que comem é bem diferente dos esgotos urbanos...

Infelizmente não provei.


Extensões enormes de produção de arroz.


A nossa cozinha durante 3 dias. Tudo cozinhado na lenha: refeições completas, não esquecendo o pormenor do café.


Galinha comprada no mercado....viva. Morta na hora, depenada e cozinhada ao lume. Que mais se pode pedir? De certeza que não se encontraria disto nos menus parisienses, se a rota tivesse sido feita na Europa.


O estado das estradas (que tão bem já conheço) nem sempre ajudam o escoamento de produtos agrícolas... 


O estado das estradas, e os engarrafamentos que, embora tenham outro tipo de obstáculos, não é de desprezar a sua obstrução!


A instabilidade politica é outro factor que não tem ajudado a agricultura Moçambicana. Na estrada nacional ainda se vêem restos dos protestos do ano passado. Ficam ali carcaças à beira da estrada, que mantêm viva a tensão existente e o receio de que se volte a repetir.


Apesar disso há muita gente que continua a produzir. Visitamos uma serração onde se trabalha a madeira com afinco. No meio do mato encontram-se todas as condições para os artesãos locais fazerem mobília ou peças de decoração, que se irão vender nas grandes cidades e até mesmo exportado para outros países...