31 de maio de 2007

Era uma vez...

...um reino situado no continente mãe, que se chamava Angolmânia. Esse reino era muuuuiiito grande...tão grande que de um lado ao outro se demoravam muitos dias a lá chegar! Tão grande, tão grande que, dizem, lá dentro cabiam outros reinos de outras partes do planeta! Era mesmo muito grande! No entanto, a maioria dos meninos e das meninas viviam numa só cidade, a Luanixis. Reza a lenda que, por ter havido uns senhores muito zangados uns com os outros, fizeram a guerra (coisa feia feita pelos adultos). Para que se protegessem pessoas e bens, toda a gente foi morar para Luanixis, para aí ficarem seguros e poderem viver todos juntos, fazendo actualmente 7 milhões de pessoas!

Dentro dessa cidade vivia um senhor e a sua familia, que governavam a cidade e o reino! Viviam num bonito bairro, dentro de Luanixis e aí eram felizes.

Este bairro, preenchido com belos palácios, era um local muito agradável de viver. Ruas limpas de lixo, com os sinais de transito em bom estado. Ruas limpas de adultos a andar nelas, tinham o asfalto em bom estado e passeios arranjados. Muitas árvores e jardins bem arranjados. Não havia comércio nesse bairro, mas vamos acreditar que havia comida, claro...eles lá arranjariam maneira de a por na mesa. Diz, quem viu, que o senhor e a sua familia não passavam fome.

O bonito bairro ficava no cimo de uma colina, e lá do alto, o senhor e a sua familia podiam dizer bom dia e cumprimentar as pessoas de Luanixis, a viver cá em baixo, noutros bairros...

(hitória baseada em factos não realistas, qualquer semelhança com a realidade é pura ilusão)

30 de maio de 2007

...e o petróleo??

É de conhecimento geral que a economia angolana se suporta muito na extracção do petróleo, certo? Alguém mais entendido que eu saberá os números do que eu apenas sei de conhecimento geral: a maioria dos estrangeiros a trabalhar em Angola está directa ou indirectamente ligada ao petróleo; o ouro negro representa, a par dos diamantes, uma significativa fatia do produto interno bruto; o clube financiado pelo petróleo, o Petro Atlético, tem por hábito ganhar tudo em que se mete (não que o dinheiro seja importante, mas ajuda, claro!)

Quando estive em Cabinda tive oportunidade de ver ao vivo, as famosas plataformas de extracção de petróleo...estruturas gigantes com uma imponente chama no topo! Não eram assim tão poucas quanto isso, quer dizer que a actividade não vai mal!

E sabe-se também que do petróleo faz-se a gasolina, gasóleo, etc...numa "fábrica" específica para esse fim, chamada refinaria! E quantas refinarias há em Angola? MEIA!!...o que significa que há uma a trabalhar a meio gás!

Resultado disto é que Angola exporta petróleo, refina muito pouco e importa alguma gasolina e gasóleo. Para ajudar a este facto, há muito poucas bombas de gasolina na cidade de Luanda. Caros amigos...é um filme abastecer gasolina em Luanda, e daqueles filmes compridos e monótonos! Chega-se a estar 3 horas na fila (pessoalmente e felizmente nunca estive) e quando se chega à torneira não há garantia de haver mais gasolina no tanque!
Não quer dizer que todos os países tenham que ser tão auto-suficientes como a Noruega, mas ao menos em Portugal há montes de pratos de bacalhau e as sardinhas em lata são muito variadas!!

24 de maio de 2007

Extremos em Luanda 3

À distância de alguns metros, às vezes apenas os suficientes para fazer a largura de uma rua, co-habitam casas muito diferentes. Digamos que é uma mescla de estilos imobiliários distintos, factores que o motivam e.....vidas diferentes!
O primeiro caso é aquilo a que pessoalmente chamo fortalezas. Belas casas rodeadas de arame farpado e vigiadas por seguranças 24h por dia! Bom estado de conservação, belos jardins e geralmente escolhem vista para o mar, até se entende! Bons geradores que aguentam as falhas frequentes de luz. Na garagem, que tem espaço para dois ou três ou sete carros, não consta nenhum carro rejeitado pela europa! O segundo caso, as casas dos musseques (bairros degradados em Angola) que são construídas com alguma imaginação e com o material disponível! Quando surge uma chuva tropical mais forte, surge também a necessidade da reconstrução da casa. A luz nestas casas, se houver vem duma "puxada" ilegal mas tolerada de algum ponto próximo de electricidade. A água que gastam é comprada aos bidons de 25 litros a 70 cêntimos de euros. A convivência com o lixo deitado na rua é uma constante vivida por estas pessoas...

23 de maio de 2007


Yogi Pijama (Jorge Palma)
Buscando sem saber bem o quêPerdido como quem não vê
Calado como quem não tem resposta para quem o chama
Desesperado, como quem por ter medo da desilusão não ama
Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente
Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama
Quebrando os seus ossos na rua
Fugindo da verdade nua
Como se abrir as portas ao Mundo fosse uma coisa obscena

Desencontrado como quem por ter medo da foz o rio condena
Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente

Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama
E já que nós nunca estamos sós
Vamos lá desatar os nós
E vamos lá chegar inteiros, onde quer que a vida nos leve
E enquanto é tempo
Deixa ver esse sorriso, que isso torna a pena mais leve

Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente
Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama

21 de maio de 2007

Declarada a guerra!

Ao fim de mais de um mês de convivência passiva com as baratas na minha cozinha, eis que me revoltei!! Chega das malditas criaturas andarem pelo armário da comida, andarem dentro de alguns pacotes (que vão depois para o lixo), de escarafuncharem os pratos que ficam no lava loiça, de cirandarem pela gaveta dos talheres! BASTA! Está declarada a guerra!!

Muni-me de uma poderosa ferramenta...que do nosso ponto de vista não passa de um spray anti-mosquitos, mas que na perspectiva das criaturas alvo, se trata de uma eficaz arma de destruição maciça…SUUUUPEEEER TOX!!!!

Depois de meditação militar, apliquei estratégias bélicas que cercam e asfixiam o inimigo e toca de pulverizar locais estratégicos de SUPER TOX. Fiz mossa caros amigos…posso dizer que fiz mossa na comunidade baratídea! Era vê-las a andar tontas, ao estilo de baratas tontas a desesperar por oxigénio, por um espaço livre de “amoníaco bélico”.

Mas….eis que, como amante da ciência, não pude deixar de notar que as baratas, uma vez em contacto intenso com a minha arma, desenvolviam comportamentos estranhos, que passo a descrever (descrição passível de susceptibilizar algumas pessoas mais sensíveis):

- Depois de respirarem o spray, as criaturas começam a andar em movimentos interrompidos, não havendo lógica aparente no seu destino.
- Ficam por vezes estáticas, abanando desorientadamente as suas antenas.
- A dada altura, que não registei porque não assisti em directo, viram-se ao contrário, comportamento estranho! Sabendo que, alguns bichos, uma vez virados ao contrário, não conseguem voltar à posição normal, tenho fortes suspeitas de uma filosofia suicida no seio desta nojenta comunidade!
- Viradas do avesso, esperneiam freneticamente, talvez numa tentativa de recuperar o seu estado de gravidade normal….mas, em vão!


- Fraquejam e lentamente os seus movimentos testemunham o fim…

Talvez os meus comentários vos pareçam frios e insensíveis, mas mais não são do que parte de uma importante fase do processo científico: a observação. E como é sabido, pretende-se que sejam descrições imparciais e objectivas, como procurei que o fossem...

Talvez notem algum sadismo nas minhas palavras…e isso sim, justifica-se com uma convivência forçada e indesejada com as malditas baratas.

Já fiz a observação, agora alguém me consegue colocar uma hipótese para um comportamento tão estranho dos bichinhos?

18 de maio de 2007

Sensação estranha

Sabem aquela sensação que se tem quando se chega a casa após prolongado período de campismo? Uma pessoa chega cheia de energia, com boas cores, mas o reencontro de algum conforto dito básico dá imensa alegria. Voltar à caminha com colchão fofo e lençol lavado, ter água corrente, ter electricidade com a facilidade de um interruptor, ver as notícias na TV (que não interessam nada, mas que cativa pela saudade da “caixa mágica”). Tão bom poder lavar a roupa, tomar um belo banho quente, cozinhar e sujar toda a loiça que apetecer e sem a preocupação do gás acabar de repente…

Pois eu tive uma sensação parecida…e sem sair de casa!! Por razões que desconheço e não quero conhecer, a luz da rede chegava a todos os prédios do meu quarteirão, excepto ao meu! Foram lá uns senhores reparar a situação e escavaram um buraco. Meteu-se o fim-de-semana e parou tudo. Voltaram lá uns senhores e alargaram o buraco. Conclusão, às tantas, desapareceu o passeio em frente ao meu prédio e tinha que entrar em casa com a ajuda de uma ponte improvisada. Mas como tudo se resolve, sem pressa, acabou por se resolver, com calma!

Passadas quase três semanas de ausência de rede eléctrica e clara deficiência do gerador, habituei-me a viver com uma lanterna no bolso, para me deslocar do quarto à casa de banho, ou até mesmo para cozinhar. Habituei-me a tomar banho de água fria. Habituei-me a que a torneira deitasse um fiozinho de água, e nem sempre constante! Habituei-me a fazer uma ginástica com a roupa, para que pudesse vestir-me todos os dias e evitar trabalhar de calções. Habituei-me a salpicar-me de água à noite para ma refrescar e substituir a artificial, mas fresca brisa do AC.



Objecto importantissimo: lanterna!!

De repente chegou a luz da rede a minha casa…….ESPANTO!! Carrego no interruptor e a luz acende, o frigorífico trabalha e até faz a sua função de gelar a comida, água jorra da torneira….e sai quente! O AC trabalha e chego a ter noite de frio! Posso ver televisão à noite. De repente, com a chegada da luz eléctrica, aparecem uma série de “mordomias” que me fazem aperceber que estava acampado em minha própria casa…sensação estranha…

14 de maio de 2007

...e sai um fim de semana misto!!

No Sábado fui mais uma vez vítima da minha consciência e fiquei em casa avançando na tese...avançando mesmo, devagarinho e ao ritmo Angolano. Calor, barulho da vizinhança, gerador KO eram factores que não ajudavam à concentração! Agora pensam vocês: "...mas este gajo já não tinha gerador novo, para substituir o que ardeu?" Tinha sim...veio um novinho, que não aguentava as luzes ligadas e o frigorifico ao mesmo tempo! Mas, estando na garantia, foi trocado...e este que lá está agora volta e meia não pega! Eu riu-me...para não chorar!!
Lá avancei um pouco na tese, mas proncipalmente fica registada a intenção e o caminho para o seu término vai-se desenhando.
Domingo é dia de descanso, certo? Deus nosso senhor descansou ao 7º dia e eu em vez de descansar acordei às 6h30 e fui para a praia, para a Barra do Dande, que fica a uma hora de caminho se não houver trânsito...os quilómetros não sei!
Fomos para um sítio que tem restaurante, bungalows, tendas, um "paradíseo" onde, para que não haja pó nas entrelinhas, se aconselha o visitante a controlar a euforia para que se mantenha a calma geral! Nunca se sabe...há sempre malta que se excede, não concordam!?
É o local com mais palmeiras por metro quadrado que já vi...e passar aqui o fim de semana deve ser uma opção muito agradável (conversa de agência).
Tendas de tecido militar e bungalows em cima das árvores...e água a 20 metros...ui, que maravilha!

A praia é uma baía enorme, com praia em 60% do horizonte. Muito pouca gente, porque este sítio não é muito movimentado (óptimo!). A malta temque ficar debaixo dos chapéus de colmo do restaurante porque o sol é impiedoso! 5 minutos ao sol ecomeça a picar...e com quilos de protector 20 em cima!! Assim abrigamo-nos à sombra e somos obrigados a consumir, pois estáo claro! Assim, o bronze não é imediato porque andamos sempre cheios de protectore à sombra...mas como em primeiro está a saúde da pele...o bronze que espere!!

Estes são os simpáticos bichos que nos recebem na praia pela manhã...centenas de carangueijos, centenas de buracos na areia! Muito agitados, mas fogem quando estamos a 3 metros deles... Durante o dia vão desaparecendo do local onde há mais gente, como que a renegar o convívio com os humanos. Mas ao fim do dia é engraçado ver o lento repovoamento que eles fazem dessa área! Recuperam o espaço deles...é a mãe natureza a actuar!

Palmeiras, palmeiras e mais palmeiras...até à beira mar há palmeiras, como esta da foto em cima que tombou! Mas como aqui tudo floresce, esta palmeira não padece de nenhum mal e continua a sua fotossíntese como se estivesse pregada ao chão como qualquer outra!


Aqui deixo o repto filosófico numa imagem que mais não era uma tentativa de fotografar um carangueijo! Mas como surgiu uma onda que engoliu o desgraçado num banho salgado, ficamos com a imagem do mar, da areia, da fusão dinâmica do seu encontro e a convivência inevitávelmente forçada mas harmoniosa...é a água, a terra, a luz...

Descansem, estou a trabalhar....sóbrio...

Meteorologia para hoje...

Ouvi na rádio: "As previsões de hoje para Luanda são de máxima de 32º e mínima de 26º"

É aquele caldinho sempre em lume brando.....

11 de maio de 2007

Extremos em Luanda 2

Nas ruas de Luanda, nas esburacadas ruas de Luanda, nas caóticas vias de circulação que nem sempre têm asfalto, circulam todo o tipo de carros!
Muitos dos carros degradados que aqui circulam são carros que já não se usam na Europa! Isto confirma-se quando na traseira de alguns ainda existe o distico a identificar o país: Suiça, Eslovénia, Alemanha, etc... Os carros que são sucata na Europa aqui ainda andam MUITOS mais turbulentos quilómetros!


E depois há uma concentração de Hummers como nunca vi em toda a minha vida, em todos os locais onde estive.....todos juntos!!!
É um carro muito apreciado aqui, para quem pode, claro está! Não é que este exemplo seja o melhor exemplo para todo o terreno (jante de liga leve grande e pneu de baixo perfil) mas é bonito, faz vistão.....e chega!!

Há um outro exemplo, que infelizmente ainda não consegui fotografar, que é um Porsche...exacto......um Porsche, leram bem!

Para colmatar esta descrição, acrescento que cá não é obrigatório, nem seguro, nem inspecção automóvel! Estão portanto a ver o belo estado em que andam estas máquinas...e a consciencialização cívica dos respectivos condutores!

10 de maio de 2007

Missão de trabalho: Cabinda

Como já vos apresentei a ordem de trabalhos aqui em Angola, a primeira saída para campo foi em direcção ao norte, ao enclave de Cabinda. Dissipem-se as ideias de que é um local perigoso, inóspito ou bélico! A cidade de Cabinda não é a cidade mais bonita do mundo, é certo, mas acolheu-nos de forma positiva, a mim e à minha colega Orquídea.

Sábado, 5H30: check-in no aeroporto de voos domésticos. Não sei como descrever, mas foi certamente o aeroporto mais confuso onde estive. Berra-se, empurra-se, protesta-se, dorme-se, espera-se, desespera-se! Há várias companhias privadas e, como não há lugar para todas, os "balcões" estão espalhados pelo aeroporto e , quando os encontramos, são mesas improvisadas onde se anota numa folhinha de papel que o passageiro chegou, chek-in feito!! Na porta de embarque tem que se acotovelar e chegar à frente...senão ficamos em terra, e ficamos mesmo!


O voo foi feito de forma tranquila a bordo de um EMBRAER120, a hélice e com AC fresquinho!


Podiam era contratar uma hospedeira mais baixa!! Não tenho nada contra pessoas altas, mas a desgraçada passa a hora toda de voo encolhida, com a coluna torta, para poder circular no corredor e prestar serviço de bordo...uma sandoca e um suminho!

O local onde ficámos, uma casa da empresa, situa-se numa "ilha social" dentro de Cabinda, ruas limpas, casas boas, gerador comunitário e cancela com guarda para todo o aldeamento...enfim, uma espécie de Aroeira de Cabinda...


Toca de ir trabalhar...pick-up a postos e aí vai de picada, buracos, transito à procura dos locais onde iríamos levantar os pontos com GPS. Algumas picadas, bem cerradas. Dissipem-se as ideias de minas e cobras: as picadas estão cerradas porque a vegetação cresce muito rápido e por estes lados havia hortas, portanto há povoamento humano, portanto não há minas; as cobras...não as vimos, felizmente!!

Aparelho na mão e olhar bem atento de nativos curiosos, magicando o que estaríamos ali a fazer! Houve quem sugerisse que estávamos ali a fazer sondagem de petróleo...a água de Cabinda...

Pacíficos, de sorriso fácil, fizeram questão de estar ali a acompanhar os trabalhos...pois muito bem, era a aldeia deles afinal!


Trabalho terminado no Sábado.


Domingo foi outra a história, havia convívio com os trabalhadores angolanos de Cabinda e...aí fomos nós! Mato, pick-nic, um Toyota Starlet com uma coluna no porta bagagens, aliás, só tinha uma coluna no porta bagagens, porque não cabiam muito mais coisas! Música, cereveja e comida...e fez-se a festa, que só abrandou um pouco por causa do díluvio que demorou uma hora, mas, fazer o quê? Molhados por molhados, fomos jogar à bola...encharcados até aos ossos! Quando parou a chuva, recuperou-se o conforto!


Este cilindro que se vê na foto é a coluna!!!


Solução encontrada por este amigo para, continuando a degostar o vinho de tempero, abrigar-se da chuva...e resulta, hã!?

Conheci a sardinha Angolana, de sabor igual à nossa, mas de dimensões incomparávelmente maiores! Não sei se é do mar, da forçada gravidade, do que comem, mas bolas...se crescem!!

À vinda para cá, com as estrad....com os caminhos alagados, fez-se jus à fama do Toyota Starlet: vai onde alguns jipes não vão!!

7 de maio de 2007

Afinal!!

Para que vocês não fiquem a pensar que isto é só borgas, passeios e praia...afinal também há trabalho! Costumo ocupar-me desta tarefa durante a semana, de 2a a 6a feira, das poucas às muitas horas...

As minhas tarefas desevolvem-se na unidade de cartografia e topografia na empresa SINFIC, uma empresa portuguesa instalada em Angola há mais de 15 anos!
A unidade é composta por 3 portugueses, 5 angolanos, vontade, dinamismo e imaginação! E assim se vão fazendo as coisas, como melhor podemos e sabemos...
Para já, tenho duas tarefas paralelas em mão:


1 - FORMAÇÃO: dar formação em ArcGIS, um software de sistemas de informação geográfica, o mais utilizado dentro da comunidade respectiva; formação em vectorização que, para quem não está familiarizado, é a passagem de uma imagem aérea para a carta em si, como a conhecemos; formação em imagens de satélite (o que é, como se forma, como tabalhar com elas, vantagens e desvantagens).


Na primeira abordagem, pareceu-me um pouco ambicioso, principalmente a parte do software, mas com esforço e dedicação.....caminho para a glória e abracei o desafio e sou mais um e estou cá para ajudar.

2 - GPS: O Eng. Geógrafo é um indivíduo que gosta do conforto do gabinete, mas também do chamado trabalho de campo. Este trabalho implica sair para "campo", que pode ser cidade, aldeia, mato...enfim....impica levantar o cú da cadeira, sair da frente do PC e ir para a rua! Pois é esta a minha outra tarefa aqui...andar com o GPS a marcar coordenadas de pontos para produção de ortofotocartas a partir de imagens de satélite.

GPS

Esta tarefa do GPS permite-me conhecer além Luanda, conhecer outras províncias Angolanas, ir a locais mais remotos, viajar....óptimo!!

3 de maio de 2007

Onde me abrigo

Durante a primeira semana estive numa "casa de passagem", como chamam aqui. Uma casa onde ficam os novos, onde fazem escala as pessoas que vêm doutros locais de Angola para Portugal, etc... Uma casa desprovida de quaisquer condições de cozinha, não havendo sequer talheres! Mas era uma casa de passagem...

Passada essa semana colocaram-me na "casa da Mutamba" (link para abrir no google earth), muito central e muito perto do trabalho. Perto do largo da Mutamba, onde se encontra o ministério das finanças.

A entrada do prédio é igual a tantas outras, escuras, elevador partidos, sem vidros. Tem a agravante de, de vez em quando, dormir uma família (mãe e dois filhos) no átrio, num colchão indescritível!


A entrada de casa é também igual a tantas outras…grades e mais grades, havendo dois portões e uma porta no meu caminho de casa. a Porta é aquela branca que se vê ao fundo.



A entrada é directa para a cozinha, que tenho que partilhar com um exército de baratas! Se aí em Portugal se fala de “hotel das baratas” como sendo um método eficaz de as aniquilar, aqui teríamos que falar em “campo de concentração de baratas” para podermos ter alguma ambição. Tenho assistido a várias gerações de baratas, ao seu crescimento, à sua alimentação (que é a mesma que a minha, claro!).
Colada à cozinha, com uma porta a dividir, bem entendido, está uma casa de banho com banheira.

Avançando pela casa, temos a sala sob o comprido, com uma bela mesa, um sofá e uma TV! Uma boa janela virada a sudoeste e….umas escadas para o piso superior.

Parece que as escadas interiores continuam a acompanhar-me nas casas onde vivo e, à semelhança, continuo a viver no piso de cima. Escadas peculiares…os degraus são todos diferentes e a meio há o ritual de baixar a cabeça para não marrar no tecto.


Piso superior: dois quartos, uma casa de banho e uma “sala” usada para engomar e estender roupa…digamos um espaço de apoio à logística indumentária (coisa fina). Desta sala tenho vista para uma parte da cidade, incluindo o estádio dos coqueiros, estádio independente que aluga o seu espaço para outros clubes (luzes do estádio na foto em baixo).


Mesmo no prédio em frente tenho uns vizinhos que, religiosamente, aos sábados, domingos e feriados, montam uma aparelhagem no terraço e fazem uso de todos os decibéis que ela consegue dar. Além disso têm a amabilidade de passar cada música 5 vezes ao dia, por dia!! Hábito esse que me permite conhecer mais da música angolana, os hits do momento, as experiências musicais, as letras sociais e românticas…muito simpáticos estes vizinhos! Claro que à terceira vez já sei a letra de cor e à quinta já bufo de enjoo!! Passam esses dias a beber cerveja e, quando viram o derby Benfica-Sporting, o momento de maior excitação foi mesmo o da entrada do Mantorras (DEIXEM JOGAR O MANTORRAS!!!).


O meu quarto, simples mas funcional, com uma cama, uma mesa-de-cabeceira e um roupeiro e….muito importante, um ar condicionado! Ao lado, uma casa de banho com poliban e a máquina de lavar roupa. Há um pormenor engraçado...a casa de banho tem uma janela interior que faz ligação para o meu quarto! Abstenho-me de fazer quaisquer descrições...


Eis que já conhecem o meu abrigo!

NOTA: Um agradecimento especial à macaca bzana, pelo apoio técnico necessário para este post, ao carinho e à boa vontade com que sempre o faz!

2 de maio de 2007

Avanço tecnológico...

Comentava-se aqui em Luanda, nos primeiro dias, entre os colegas, as adaptações que os familiares faziam para comunicar mais assiduamente connosco. Mães que já mandavam mails, pais que já conseguiam mandar SMS…enfim, uma adaptação necessária, quando nos encontramos a 10 paralelos de latitude abaixo!

Pois caros amigos, senti isso mesmo na pele, quando me saltou uma daquelas janelas laranjas da parte inferior do ecrã……O MEU PAI!! AH AH AH
Pois é…o Zé Tó aderiu rapidamente ao esquema de envio e recepção de mensagens escritas instantâneas, como quem diz…..chat do google!! Grande Zé Tó!!!

Ele há coisas….

Conjunto de variáveis

Um verdadeiro soldado, um qualquer escuteiro mais devoto, um aventureiro mais destemido e despreocupado...todos eles diriam: "nah...não preciso nada disso!" A verdade é que ninguém precisa, porque o ser humano já viveu sem luz, sem frigorifico, sem telemóvel...mas caros amigos, os objectos que vos mostro aqui hoje dão TANTO jeito!!

São presença quase obrigatória numa casa em Luanda...há quem não os tenha, por isso há que dar valor ao tê-los. Passo a apresentar:

O GERADOR

Objecto divino que, quando não pega fogo, substituiu quase por igual a rede eléctrica da companhia. Rede eléctrica que falta com muita frequência. Luanda está a crescer a olhos vistos e as exigências energéticas obrigam a cortes seleccionados do seu abastecimento. Dizem que este filme acaba quando acalmar o calor...calor que obriga a utilização frequente dos aparelhos de ar condicionado.

O RESERVATÓRIO DE ÁGUA
Estes carinhosos objectos presenteiam-nos com preciosas reservas de água, que nos permitem tomar o banho necessário para remover algum do suor motivado pelo bafo que, nem à noite dá descanso. É um banho "à gato", mas é um banho, é um refresco, é um perfumar! Enquanto há desta água, os autoclismos, ou melhor, as descargas também vão funcionando, à garrafa! Precioso também este ponto...
AR CONICIONADO
Aaaahhhh.....o ar condicionado, essa lufada que nos ajuda a respirar, que nos ajuda a pensar, que nos ajuda a dormir!! Felizmente, na minha casa, há um AC em cada um dos quarto, e na sala...luxo!
Agora...não havendo gerador...
- Quando não há luz, não há AC, dorme-se com muito calor, ameaçado por mosquitos e acorda-se ensopado em suor, bem cedinho!
- Quando não há luz, o termo-acumulador pára e passadas umas horas deixa de haver água quente
- Quando não há luza bomba de água deixa de funcionar...e passado uns tempo não há água nos canos
- Mesmo havendo luz, a água falta
- Mesmo havendo luz, a tempestade pode dispersar o sinal da TV
- Mesmo havendo luz, não é certo que haja gás (não tem nada a haver, mas é para criar confusão)
- Mesmo havendo luz e TV, os trovões interferem na rede de telemóveis
- Mesmo com luz e água, a máquina de lavar roupa pode estar avariada
Enfim, é um conjunto de factores que...se tomo um banhinho, bebo uma cerveja fresquinha, cozinho o jantar, troco um SMS ou toques de saudades, e me sento a ver TV.....sou um gajo feliz!!