12 de outubro de 2012

Osgas

O aspeto físico é feio. Penso que todos concordamos. Olhos enormes, desproporcionais em relação ao corpo e muito negros, contrastando com a pele e fazendo acreditar que os olhos são maiores que a cabeça.


Fotos amadoras de minha autoria.



Nas patas têm uma espécie de ventosas, como se fossem dedos achatados cheios de rugas. Isso permite-lhes andar na vertical ou em tetos, fazendo prever o seu poder de sucção. Ao toque têm uma textura gelatinosa.




À vista notam-se, nalgumas espécies, os órgãos através da pele translucida. Ao sinal de ameaça desintegram o próprio corpo, largando a cauda que pretende despistar o seu predador. Ficam depois com um coto na parte de trás do corpo que em nada contribui para as embelezar!



Como não conseguem piscar os olhos, usam a grande língua para limpar a vista. A língua é também a grande arma de caça. Esticam a língua na direção da presa e, com a ponta pegajosa, capturam a vítima levando-a ainda a espernear para dentro da boca, onde são engolidas na direção, primeiro, da morte, depois da digestão. Não li em nenhum lado, mas desconfio que, ou têm um problema no sensor estomacal ou têm mais olhos que barriga. É que às vezes vão a “bifes” que notoriamente não lhes cabem no goto.


Serpenteiam sempre que se movem, fazendo analogia a outros répteis, com outros venenos e muita fome.



São geralmente individualistas e na época de acasalamento tornam-se muito territoriais. A comunicação sonora, emitindo estalidos ao fazer vibrar o corpo, é uma especificidade que as distingue dos lagartos, por exemplo.




As osgas são, de forma geral, injustamente odiadas e muita gente só pensa em matá-las assim que as vê. Temos muitas osgas na varanda da nossa casa cuja rotina é rondar a lâmpada exterior, para onde os insetos são atraídos e ao mesmo tempo ofuscados, tornando-os vulneráveis. Todas elas são bem-vindas...



É que, como é sabido, entre os insetos que comem, levam também alguns mosquitos que, como também é sabido, por estas bandas, transportam malária. Assim, estas horrendas ternuras trabalham para nós, baixando a probabilidade de picada de mosquito.

Mas isto é só um pormenor. As osgas são consideradas como um equilibrador natural de insectos, evitando pragas descontroladas que podem, por exemplo, dizimar culturas. 




Factos que transformam, aos meus olhos, a descrição anterior numa grande injustiça. As osgas são lindas, necessárias e devem ser mantidas!


Por fim, uma homenagem artística à osga, por Antoni Gaudi (daqui).