25 de novembro de 2013

Caixa mágica, versão 2


É daqueles vícios que ficam. Se vejo cascas de fruta no lixo comum fico logo a pensar que é um desperdício. É como regredir na reciclagem...imaginam-se a pôr vidros, papel e plástico no mesmo saco? Heresia, pois...então o meu lixo orgânico é o mesmo!


Foi criada a 2ª versão da caixa de composto, mas antes de falar dela, gostaria de fazer uma digna homenagem à primeira. Resistiu 2 anos e meio, alimentou a machamba e fez florescer muitos vegetais. Fez florescer também a mentalidade do Sr. José (nosso guarda, jardineiro e companheiro) que nos achava loucos por colocar “lixo nas plantas”. Ficou rendido às evidências e passou a usar o composto...

  
Quando saímos de Pemba procedemos a uma cerimónia de desmantelamento da caixa, porque se não fosse uma corda e outras moletas do género teria tombado bem mais cedo. Foi uma cerimónia simples, mas com a dor de quem destrói uma fábrica de produção verde!


A segunda caixa teve uma arquitetura diferente, sempre baseada no mesmo conceito: por estas bandas não se arranjam destas caixas no supermercado...nem aqui em Maputo. Por isso há que puxar pela imaginação e fazer uma.

O departamento de planificação desta vez optou pelo uso de paletes de madeira e rede.


O departamento de manutenção aproveitou um resto duma lata de verniz esquecida lá em casa deu para proteger a madeira. Ensinou-me a experiência que as caixas de madeira são também elas decompostas, dada a voracidade do processo. Proteger, mas não muito, senão a caixa dura demasiado tempo e nunca mais construo outra (e já tenho ideias aos tombos na cabeça)!


Por ordem do departamento de saneamento, serraram-se algumas madeiras para abrir as portas. Desta vez tem 8 portas, para melhor explorar o fundo, onde reside o melhor do composto.


O departamento de isolamento quis usar uma rede a revestir as paredes para permitir respirar e ao mesmo tempo não deixar cair bocados maiores fora da caixa.


Como cada palete pesa que se farta, imaginem 4 paletes já amarradas! Então desta vez a engenharia optou por montagem da estrutura no local, parede a parede. Foi remexida a terra onde iria assentar a caixa, para dinamizar a vida biológica.

Período de assentamento da estrutura. Confesso que o departamento de estruturas foi surpreendido com o tamanho final da “fábrica”! Pensei que nunca mais iria encher a caixa e que dificilmente se iniciaria o ciclo do composto.

Assim, numa simbiose com a senhora que vende vegetais na rua à nossa porta, o departamento de resíduos sólidos pediu-lhe que todos os dias deixasse lixo biológico connosco. Pedido que primeiro estranhou, depois agradeceu, pois não tem que carregar folhas estragadas e fruta podre às costas para deitar num qualquer contentor. Eu agradeço, pois os restos da banca dela têm utilidade fulcral na fábrica de composto...


 “Lixo” lá para dentro...


 ...e tampa de rede para poder chover lá dentro!


Prevê-se que em Janeiro já haja “mel” biológico.