Às vezes os primeiros embates culturais aparecem nas necessidades mais básicas. Um calor tropical (sim, na Coreia, no verão, o clima oferece 35º com 90% de humidade) e eu a olhar, imóvel, para os comandos da ventoínha, provavelmente o electrodoméstico mais básico que há.

A grande tendência do momento (o oriente tem sido profícuo no lançamento de tendências) são os Robôs. É vê-los a deslizar por toda a parte, lentos mas persistentes. Este, à entrada duma estação de autocarros, deu-me ordens num Coreano tão fluente que precisei de tradução:
- Coloque a sua máscara?
- O quê? Desculpe?
- Coloque a sua máscara?
- Ah ok, a máscara na cara. Ok...bom dia, como está? - digo eu a tentar quebrar o gelo
- A medir a temperatura – responde ele alheio à minha tentativa de aproximação – temperatura normal, pode prosseguir.
Dizem os cientistas que os robôs vieram para ficar e que o segredo da adaptação humana a essa tecnologia está na relação que se irá criar entre homem e robôs. “Ouviste, monte de lata?”. Comecei mal a minha primeira relação com computadores sobre rodas...
Uma séria produção, empenho dos artistas e audiência de centenas de pessoas para um espectáculo de K-POP...na rua! Deve ser aqui que começam as ambições para voar para o estrelato...então nada é deixado ao acaso.
Não é propriamente o meu ideal de local de brincadeira, que prefiro o ar livre, mas uma vez que já cresci, acho que perdi voto na matéria.
São poucos os dias de férias dos Coreanos que, quando as têm, querem tudo organizado e preferem locais muito movimentados, por outros Coreanos, igualmente de férias. O critério de ser um local movimentado é a garantia de que é bom e confiável. Não há tempo, nem paciência para explorar locais remotos.
A praia parece, por isso, um parque de estacionamento de pessoas, com a distribuição geométrica de chapéus de sol.
Chapéus e balcões familiares. Tudo organizado, tudo cheio de gente.
Na água também. Repito: os dias de férias são poucos, de maneira que a rotina é alugar boias e ir para a água tirar selfies para registar as férias...todos ao mesmo tempo pois o tempo é escasso..e no dia seguinte já começam a partilhar as fotos da férias, do dia anterior.


Aproveitando a mobilidade que a auto-caravana nos deu, circulámos, beneficiando de mais alguns dias de férias do que a maioria dos Coreanos, pelas estradas da ilha de Jeju.
Felizmente estava nublado e assim como apareceram, desapareceram repentinamente os fotógrafos, irritados com a teimosia do sol, que não apareceu quando eles queriam. A resmungar, provavelmente com a agenda de férias apertada, saíram despontados com a falta de sincronização do sol...com as suas férias!
Se conseguissem esperar mais um pouco teriam recebido a prenda que o sol guardava, um pouco mais acima do horizonte.

No mesmo local, à noite, o que parece o nascimento de dezenas de luas ao mesmo tempo no horizonte, são na verdade dezenas de barcos na pesca da lula. Um espectáculo artificial, mas nem por isso desinteressante. Jantamos com vista...para holofotes a boiar...
A comida. A comida Coreana é um mundo. Tendo ido à Coreia uma série de vezes, ainda fico encantado com a variedade, o ritual e os sabores da comida coreana.
Prometo dedicar um post a este fenómeno no futuro...merece...