5 de abril de 2011

Rabo africano


Foto: Yumi Choi

Eu sei que o tema é sensível e que qualquer abordagem precipitada pode resvalar para uma zona perversa. Eu próprio senti isso quando pesquisava imagens na net. Fui muitas vezes parar a cenários que não procurava, embora os referidos também abordassem a temática, embora de uma perspectiva diferente, esclareça-se! Eu gostaria de falar do assunto de uma forma nobre (tanto quanto se puder) e manter o texto num patamar sóbrio. É porque há rabos africanos que são verdadeiras instituições. E mais uma vez, reforço, não me refiro aos glúteos de uma perspectiva sexual. Refiro-me às suas dimensões e ao seu peso (para além do físico) na sociedade. Não sei se são um fenómeno genético ou não (nem me interessa) mas sem duvida são um fenómeno real! Geralmente estão acoplados aos corpos das “mamãs”, esse ícone Africano, por quem tenho toda a admiração e respeito, muitas vezes atiradas injustamente para a sombra familiar, numa sociedade muito gerida por homens.

Rabos gigantes…

…que se resguardam debaixo dos panos das saias, como uma mochila nas costas das nádegas;

…que nos fazem afastar das filas, antes de vermos a dona do dito ou ouvirmos o “com licença”;

…que bamboleiam, às vezes meio tapados com mini-saia, de forma descomplexada, pela marginal da praia;

…que alberga as crianças a uma retemperadora sesta, nas formosas coxas;

…que faz sobra aos mais pequenotes que procuram abrigo nas saias de capolana;

…que ficam a vibrar uns segundos depois dos últimos passos, quando a dona pára;

…que dançam de forma mágica, fazendo esquecer a sua dimensão. Dançam independentemente do corpo com uma leveza que desafia as leis da física;

São uma herança…uma identidade!

Faça-se o dia Africano do rabo grande e preste-se-lhe a devida homenagem…


Ilustração: Yumi Choi


9 comentários:

Isa disse...

Conseguiste, André, parabéns. Tá ótimo o post, sem resvalar nunca, nem de perto nem de longe, pro óbvio, pra piada fácil. Adorei.

Frederico Henriques disse...

Muito bom. Sem sombra de dúvidas um pequeno texto elegante e visto de uma perspectiva diferente do trivial. Abraço.

Anónimo disse...

Está lindo, real, poético, sério,enternecedor, digno da mulher africana, ,,,, Parabéns e Continua
Lena

Diana disse...

Vem a propósito do dia que se celebra amanha? Dia da Mulher Moçambicana. Nem todas temos um rabo poderoso assim, mas sentimo-nos todas felicitadas :)
Diana

Joana disse...

Uau.

bj

Anónimo disse...

Eu confesso que fiquei assustada com algumas das definições:

"…que ficam a vibrar uns segundos depois dos últimos passos, quando a dona pára".....

Beijinhos...vou ao ginásio!!!!
AP

Sara disse...

viva o rabo........amen pelo rabo.......peca anatomica importantissima...digna do teu texto!!!!!! yesssssssssssss....

macaca grava por cima disse...

Candidate-se o rabo africano a património da UNESCO, já!!!

:-)

Agora a sério, o teu post para além de muito bem escrito (como sempre!), está muito bonito, comovente mesmo... E agora com o contributo de uma "artista" muito especial, o blog até ganha outro colorido... Nada como um toque feminino... eheheheheheh

Saudades. Beijo.

André Miguel disse...

Gostei da abordagem séria ao tema.