5 de fevereiro de 2012

Postais de Angkor



Os templos de Angkor são um daqueles sítios cheios de turistas, frenéticos por tirar fotos e que nos dificultam fotografias sem levarmos para casa um parente emprestado! Palco de casamentos, baptizados, cerimónias religiosas e até filmes, é um local constantemente cheio de gente. Pessoas que correm para aqui verem o nascer do sol e que se arrastam para sair depois do pôr do sol. Tem uma cidade que serve de apoio turístico (Siem Riep) com hotéis enormes, uns a seguir aos outros e um aeroporto onde aterram voos internacionais. 






Os templos de Angkor são tudo isso, mas são um ESPANTO! Ou não estaríamos a falar de uma das mais impressionantes obras alguma vez feita pelo ser humano, património mundial da UNESCO desde 1992.



Agora imaginem o espanto de Henri Mahout quando, em meados do século XIX, encontrou, no meio da selva, esta pérola! Diz a lenda que ele descobriu por acaso. Mas cá para mim já lhe cheirava a alguma coisa. Ninguém anda à catanada na mata cerrada por razão nenhuma...


Ao afastar dos ramos  descobriu, imaculada durante séculos, a herança do império Khmer. Há muitas coisas que me impressionam nestes templos, uma delas é a antiguidade e complexidade da construção. As construções começaram no século IX. E no século IX, senhoras e senhores, Portugal estava longe de ser gente. No século IX a península Ibérica era palco de porrada entre cristãos e muçulmanos.


Pormenor de uma das 256 faces esculpidas com sorriso.


Pedra sobre pedra, sem cimento nem cola. Engenharia pura, admirada ainda hoje. Se não experimentem amontoar peças de dominó de maneira a formar um arco e, em cima, colocar mais peças. Agora multipliquem o peso dessas peças para dar centenas de quilos por cada pedra. Tudo isto sem arriscar a queda das pedras. Caso contrário revelam-se uma ameaça fulminante para dezenas de trabalhadores cá em baixo, de corda nas mãos e pescoço cansado.



Não só a estrutura é impressionante, como também os pormenores. Pedra esculpida para deixar escrita a História. Pedra esculpida que quase ganha vida, com sorrisos centenários. Seiscentos anod de uma delicada e meticulosa paciência que só os Asiáticos são capazes.




Infelizmente nalguns templos, o tempo tem vencido a pedra e vários são os sinais. 


Em alguns casos mantém-se uma batalha para aguentar e estrutura.


Noutros casos uma placa com duas singelas palavras dizem-nos tudo!


Outros casos, provando, sempre, que a mãe natureza é dona e rainha, são as raízes centenárias que aguentam a estrutura...



A caça ao dólar, fomentada pela quantidade de turistas, é permanente e, nalguns casos, obscena. Dizem-se coisas como: “Come and see Christmas Buda” por estarmos em período natalício! 



Ou chamam-nos para, com uns pauzinhos de incenso, fazermos promessas e pedirmos desejos. Cerimónia que termina, claro está, orientada pelo suposto monge, numa linguagem quase apenas gestual e uma única palavra: “dolá”!




Resta alguma espiritualidade infiltrada nas pedras para que a Yumi se sentisse inspirada a umas posições de Yoga.


Nos assuntos estomacais trazemos um barbecue saudável. A base da confecção é um instrumento que não consigo descrever bem, apenas compará-lo com um sombrero mexicano achatado.



Primeiro coloca-se uma calda de galinha, vegetais e noodles. Deixa-se ir cozendo. Entretanto grelha-se a carne, que pode variar de lula a crocodilo. Todas as carnes vão deixando cair gordura e sabor na sopa. A carne acompanha-se com vegetais e no final come-se a sopa, cujo sabor teve a contribuição de todos os ingrediente durante a primeira fase da refeição. Tudo regado com vinho tinto...maravilha!


Para relaxar, massagens! Eu diria que há indústrias de massagens de vários tipos. A mais requisitada é aos pés. Depois de se andarem quilómetros no templo, é importante recuperar a base da caminhada. Por 2 dólares temos direito a uma hora de massagem e rejuvenescimento dos pés...



Ou, experiência inédita para ambos, uma "candle massage". Colocam um papel enrolado muito fino pelo ouvido dentro, bem fundo. Na outra extremidade acendem fogo. Começamos a ouvir, de forma muito viva, o crepitar do papel, como um rastilho de bomba a aproximar-se. Tentamos relaxar enquanto vão massajando a cabeça.

No final mostram-nos o grande motivo desta massagem. Com o calor, a cera tende a sair do ouvido e ficar guardada no papel. Quantidades de cera que ninguém acredita ser possível guardar num só ouvido...


Saímos leves, um pouco tontos com tanto ruído, mas limpinhos!


6 comentários:

Bichocao disse...

Gosto particularmente ds velas nas orelhinhas!!

Dora disse...

Adorei e fiquei cheia de saudades desse sítio! Estive aqui a ler o teu post com o meu querido marido que também adorou rever o local e apreciou vivamente a sua escrita!!
Divirtam-se!!! Beijinhos

Joana disse...

2 dólares 1 hora de massagem nos pés... quero uma todos os dias...

E o papel com a cera, que lhe fazem?

bjs

허니러브 disse...

During reading, happy happy so much...our lovely memories..merry christmas budda:))) Do you still remember the wine name???eheh

macaca grava por cima disse...

Não encontraram a Angelina Jolie??? LOL

Eu precisava era de fazer esse tratamento para limpar os ouvidos... BRUTAL!!!

Rita disse...

adorei tudo. estamos cheios de saudades vossas. que tal vai essa Pemba? Beijos e abraços meus e do Xano.