22 de julho de 2010

Motard J



Passou por Pemba um viajante de mão cheia. África está cheia destes viajantes e aventuras, mas cada uma é especial, para o próprio (claro!), e para quem aprecia, porque cada viagem tem algo de simbólico e característico. Esta tem uma base simples: viajar de mota, sozinho, de Portugal a Angola, mas num trajecto em forma de jota…a inicial do nome do motard. Pronto, está lançado o mote. O mais difícil é ter arcaboiço para a fazer.

Magro, com ar aparentemente frágil, deixa as aparências de imediato por terra, para quem fala com ele. Ainda tremelica com a adrenalina acumulada da viagem, tem um sorriso preso no rosto e no olhar quase se podem adivinhar os tantos e diferentes horizontes por que passou. Mas essa é a magia da viagem. Quem fica pode tentar adivinhar mas, quem vai, guarda na memória.

Nos relatos que fez eram notórios os atropelamentos nas descrições, movidos pelo entusiasmo! De tal maneira que eu já nem sabia bem que país fazia fronteira com qual, tal a velocidade com que saltava de uma religião, para um arranjo mecânico, para uma fronteira difícil… A mota, devidamente preparada carrega o essencial. Dois depósitos extra, luzes por todo o lado e, claro…uma bandeira portuguesa atrás! Fotos e alguns comentários podem ser vistos aqui.

Penso que o sentimento é comum a muita gente…quando se vê um viajante do género. Medito, sobre o meu atlas mental, nas viagens que gostaria de fazer. Olhar fixo no espaço, alheio ao redor e, em silêncio, vejo-me em tantos sítios de tantas maneiras. Dá-me vontade de dar um berro de libertação e desatar a correr, iniciando assim a minha própria viagem, com destino incerto. Mas a julgar pelo calor, não iria muito longe, acabando uns quilómetros depois arfando de cansaço! Contive-me e voltei ao trabalho.

No entanto, nos meus planos não deixa de estar uma viagem de tal calibre. Mas não com um jota, que eu sou pessoa mais virada para os números. Eu idealizo um sete estilizado que comece em Moçambique, percorra o leste e norte Africano e acabe em Lisboa, a magnífica! Aumento mais duas rodas ao veículo e irei num confortável todo-o-terreno a apanhar porrada por essas estradas acima…

Mas os sonhos, esses, são como a cenoura agarrada à cana de pesca, na frente de um burro: podemos nunca os alcançar, mas são eles que nos movem…


9 comentários:

Joana disse...

e eu a pensar que seria um 13 estilizado...

Grande aventureiro..o Jota dele teve passagens por zonas bem complicadas.

Joana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
xico disse...

eu e a Joana conhecemos um puto de 23 anos, na Índia, que tinha lá chegado de bicicleta vindo da ....Suíça!!!!
Europa de Leste, Turquia, Irão, Afeganistão, Paquistão e Índia...
ganda maluco!
Não é a mesma coisa que África mas Irão, Afeganistão e Paquistão é de homem

espero que a tua viagem tenha corrido bem

André disse...

Porra!! Essa da bicicleta bate o record que eu conheço...que foi dum gajo que fez o perímetro de África de bicicleta....

Não em termos de distância, mas em termos de aventura!!

O 13 estilizado deve ser giro...tenho que pensar onde aplicá-lo! ;)

Isa disse...

Gostei muito da frase dos sonhos. Espero que realizes os teus, os que te fazem feliz :)

Bjo

Bichocao disse...

Olha se o motard se chamasse Manuel!!!! Ou Bernardo!!!

Anónimo disse...

Adorei a história, alimento o sonho pois o sonho comanda a vida.

Se dúvidas existem relembre-se do poeta que um dia disse:

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim

Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança".

Portanto, pedale-se ou acelere-se, sonhe-se!

O 4.

Guiga disse...

Bom Andre. nessa vigem em forma de 7 ou mesmo de 13, podes e tenho muito interesse em que contes comigo, para companheiro, mecanico e tudo o que for necessario na viagem.

Sara disse...

grande aventureiro......eu tiro o chapeu a gente assim.....admiravel....mas quanto ao numero...porque nao um 8?????
...........e deixa que o teu sonho ha-de chegar a porta.....podes fazer so meio 8...e depois a outra metade....:))))