4 de outubro de 2011

Postais de Nairobi



Tenho que começar por dizer que Nairobi, cidade a uma altitude de 1700 metros, com cerca de 3 milhões de habitantes tem uma política pública contra o tabaco. Eu reforço a ideia: é proibido acender um cigarro nas ruas! “E esta, hein!?”, diria o saudoso Fernando Pessa. Não conheço nem tenho conhecimento de uma cidade com tal medida, por isso ali estava eu, numa agitada cidade africana, espantado com tal facto.
Mas desiludam-se os anti tabagistas, pensando que se vive um ambiente cristalino nesta cidade. O estado envelhecido dos transportes públicos, com uma mecânica movida a improviso, provocam uma poluição preocupante.

Nairobi, que podia ser uma cidade verde, pela frequência de parques, é muitas vezes um cenário cinzento acastanhado.

É um daqueles lugares que luta constantemente com o repentino crescimento, e consequente volume de trânsito. O matatu (um dos tipos transporte público) é um dos provocadores desta poluição, mas ao mesmo tempo apresenta-se como uma excelente alternativa de locomoção.

O matatu (candongueiro em Angola, chapa em Moçambique) não é mais do que uma Toyota Hiace, originalmente de nove lugares, mas modificada para levar um pouco mais. Fiquei no entanto agradavelmente espantado quando percebi que a lotação era limitada a apenas 16 pessoas. Quando enche, fecham a porta (que até lá vai sempre aberta com o cobrador empoleirado a tentar angariar clientes) e seguem caminho até haver nova vaga deixada por alguém que sai.

Serpenteiam o trânsito pondo em prática aqueles desejos mais extravagantes que todos temos quando estamos bloqueados no tráfego:

“e se eu fosse pelo passeio?”

“se eu fizesse apenas meio quilómetro em contramão chegava num instante!”

“era só passar os vermelhos todos e estava resolvido…”

Pois eles fazem-no…só não voam!

A influência cultural em Nairobi sente-se bem e é bem-vinda! Gente de todas as cores e feitios concentram-se naquela cidade. E isso, digam o que disserem, é bom!

Podem-se experimentar vários sabores, de vários cantos do mundo. Realço dois:

Carnivore: é uma viagem ao mundo da carne, como diz o próprio nome!

À entrada temos uma fornalha, que faz lembrar as descrições do inferno, onde jazem diversos tipos de carne. O pecado, diriam os vegetarianos, uma delícia, digo eu, omnívoro.

O menu tem uma percentagem reduzida dedicada aos que não comem carne, no meio de outras tantas opções excêntricas em redor dos animais. Não me parece que a ala vegetariana frequente muito este local…

A carne vem para a mesa em modo contínuo e só quando dizemos basta é que eles param. Até aqui nada de diferente de um qualquer rodízio de carne, espalhado pelo mundo. A marca deste restaurante faz-se sentir quando começa a vir carne de camelo, crocodilo ou avestruz.

Restaurante polémico que esgrima com a lei a oportunidade de servir carne de caça. Contraditório, podem-me acusar depois de ter mostrado fotografias de Masai Mara, mas se as coisas forem feitas com conta peso e medida, todos estes cenários antípodas podem conviver na mesma mente.

Coreano: com a companhia certa, uma guia por excelência a estas incursões do paladar, deixei dar-me a conhecer aos sabores do longínquo Este asiático.

Nem toquei no menu! De repente tudo se desenrola à nossa frente: um empregado sorridente trazendo soju, avivando a brasa e trazendo vários pequenos pratos com coisas de várias cores. Para quem nunca experimentou, aqui fica o meu aviso: comida picante!

O mais interessante deste picante (sim, porque o picante não é todo igual e tem coisas interessantes) é que a pessoa não se apercebe de onde vem. Qual o pratinho que tem picante? Resposta: quase todos.

Mas a reacção ao picante vem uns minutos depois, quando já estamos concentrados noutro pratinho e, quando começamos a sentir o calor já comemos de 3 ou 4 pratinhos e já não sabemos qual o responsável. Verdade é que é tudo saudável e delicioso e como não se consegue parar, aceleramos a respiração, suamos e bebemos mais soju

O artesanato é vasto, bonito e poderá ficar barato, se soubermos escolher o sítio e regatear. O mercado da cidade é para esquecer: preços começam no quadruplo do que deviam e a descida de preços é a conta gotas. Mas há vários mercados pela cidade onde vale a pena pousar os olhos…


10 comentários:

Nae kkul~ disse...

and.....always with TUSKER!!!:)

Anónimo disse...

possas...n se trabalha em mocambique ou que? heehhee
abraço murregulo.
vedor

Bichocao disse...

Nhac nhac tenho fooooome!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Isa disse...

bela visita virtual ao quénia, valeus ;)
bjo

Anónimo disse...

hmmmm os pratinhos coreanos têm um ar delicioso...

bj
jo

macaca grava por cima disse...

fiquei com fome!!! bjs

Anónimo disse...

Tá visto que vocês aproveitam bem o tempo!!! Fiquei cheia de fome principalmente do restaurante da carne!!!
Bjocas
Lena

Anónimo disse...

Tá visto que vocês aproveitam bem o tempo!!! Fiquei cheia de fome principalmente ao ver o Restaurante da Carne.
Bjocas
Lena

André Miguel disse...

A descrição do trânsito da cidade é incrivelmente semelhante a Luanda.

rodrigo disse...

para além das magnificas fotos, destaco a tua referência ao Fernando Pessa (e esta, hein?) e guardando as devidas distâncias, tu tens alguma coisa de Pessa. O estilo observador, talvez :)

aquele abraço,

rodrigo