Há
para mim vários mistérios na vida. Uns tento resolver, outros não. Preservo-os
assim mesmo, misteriosos, sem solução. Dá-me gozo que assim seja, abstraindo-me
da problemática de os entender e fugir à solução. É parecido à satisfação que
se tem quando se veem as marionetas a mexer e se ignoram os fios...
Um
desses mistérios é a música. Como aparecem as notas musicais, o porquê das
oitavas? O que motiva um compositor a escolher dó-lá e não dó-mi? Mas apesar
disso admito que cada nota debita vibrações diferentes.
A
minha incapacidade para a música revelou-se desde cedo, desde os meus tenros 4
anos. Numa festa natalícia que o infantário apresentava para os pais desafinem
tanto, entrei tão mal na música que fui presenteado com uma alcunha que ainda
hoje perdura...
Na
escola secundária fugi às aulas de religião e moral e optei pela música. Tinha
o sonho de ser bafejado por Apolo, o Deus da música. Depois, na verdade, chumbava
nos testes onde os outros alunos discutiam décimas do 18 para cima. Nas aulas
práticas fazia um playback descarado com uma simples flauta de bisel na mão.
Enchia as bochechas de ar e não me atrevia a soprar para não estragar a banda
escolar que contava com bateria, flauta transversal e órgão. Deitava um olho ao
meu colega do lado, igualmente com flauta de bisel, e imitava os dedos.
Acrescentava um saltitar de sobrancelhas e uma inclinação esporádica da cabeça
e aí estava eu, convencido de que passava despercebido. Saía das aulas contente
e, confesso, com satisfação rebelde por estar a enganar o professor. Hoje
sei-o, é óbvio, que o meu professor me topou desde o primeiro dedilhar em
playback. Mas assim como eu não queria propriamente tocar ele também não queria
propriamente ouvir-me. Assim, passados os anos, percebo que havia uma
cumplicidade a meu favor e que o professor percebeu muito antes de mim, que eu
não era talhado para a música. Simpaticamente fez-me passar nos testes para que
eu não chumbasse numa cadeira facultativa!
Não
sou moldado para produzir música, mas gosto muito de dançar ao som dela e nesse
capítulo deixo-me levar pela sua magia. Ora vejam o mágico efeito da música
nestas crianças que não devem ter mais do que 4 anos.
Atenção
ao menino de camisola laranja e a menina de saia amarela e...quase sem
t-shirt...
VIDEO: Yumi Choi
*para a animar a semana da minha amiga Cláudia Marques Pires...
4 comentários:
:-) deixaste-me sem palavras meu querido... eu sei que tenho os melhores amigos do mundo e que estou rodeada (por perto e por menos perto) de pessoas que fazem o meu coração transbordar de amizade, daquela mesmo boa e genuína.
Um beijinho muito grande (e afinal a operação vai ser só no dia 10)
se eu depois da operação me mexer assim como estas crianças é pq estou curada!!! (a bem dizer, seria um milagre eu alguma vez dançar assim :-D)
que belo par de dançarinos.
E se tu não tens o dom da música eu não tenho o da dança.
É incrível como aqueles corpos já se mexem ao ritmo da música.
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