4 de junho de 2019

Bushfire 2019

No final de Maio, na zona sudeste de África, aguarda-se com saudável ansiedade pelo festival BushFire, na Eswatini (novo nome dum país anteriormente chamado Swazilândia). Poupem-se ao labirinto mental de pensar na logística de mudar o nome a um país! Concentremo-nos no festival…

Cerca de 20 mil pessoas de várias origens rumam à arena do festival. Os bilhetes esgotam um mês antes e quem fica a pensar até à última hora, perde o lugar.

O alojamento em redor rebenta pelas costuras, havendo marcações com um ano de antecedência, ou seja, reserva feita no momento em que acaba a edição anterior do festival!

Uma opção muito viável é o acampamento, numa das várias áreas em redor do festival. Distam de alguns minutos a pé da festa e são, durante quase todo o tempo, uma extensão da folia. No entanto, quando chegamos e somos encaminhados para os nossos aposentos, tenho a sensação de estar num campo de refugiados.


Ideia que se esvanece assim que levantamos o fecho éclair da forte lona do abrigo. Os pormenores existentes traduzem-se num conforto total: cama, mesa-de-cabeceira e pequeno candeeiro. Não precisamos de mais. Esqueço a ideia inicial…estou em casa. O som de fundo é festa, com concertos ao longe e mais tarde com os últimos bêbados a chegar à tenda, momentos antes do nascer do sol. Ao amanhecer é a vez da sinfonia dos bebés arrancarem da cama os pais sonolentos pela festa. Na prática, o acampamento quase não dorme.




O pequeno-almoço é uma agradável surpresa, com uma panóplia de oferta gastronómica, fica bem acima de muitos hotéis onde fiquei. É também no pequeno-almoço que nos podemos deliciar com o desfile de pijamas, cabelos e pantufas farfalhudas. Hábitos culturais ou febre do festival, o certo é que estive boquiaberto a admirar, antes de meter o café da manhã à boca. Os pijamas são de polar, pois à noite a temperatura chega aos 8 graus. Mas não são simples pijamas…são fatos macaco a imitar animais, com pompons no rabo e orelhas compridas. Os cabelos, sejam naturais, sejam falsos, representam uma montra digna de concurso. As pantufas são surreais. Com motivos como leões ou pandas, cheias de pelo, passeiam indiferentes à poeira do chão. E a cereja no topo do bolo: roupão! Nunca me lembrei de levar um roupão para acampar, de facto…que falha!







Depois de divina refeição, as tendas ganham outra cor.


Eis algo que nunca me ocorreu na mente em toda a minha vida: fazer fila matinal à porta do festival e ser um dos primeiros vinte a entrar. Mas o cartaz é intenso, as crianças acordaram há 4 horas e às 10h da manhã aguardamos que abram os cadeados. 



Tudo a postos, com carrinho de bebé incluído..."Fire is my favourite colour"!



Sem pijama, mas vestida de princesa, a Bia entrega-se à atmosfera do festival…



Aqui há gente de todos os tipos. Desde o pé descalço à super produção, desde aquele que estudou minuciosamente o alinhamento e tem uma agenda dos palcos àquele que ainda nem viu o cartaz. Há quem tome o pequeno-almoço acompanhado duma garrafa de vinho, e há quem prefira o chá matinal acompanhado de poesia. Mas somos todos normais. Há uma sensação familiar neste festival que nunca senti antes.



Há vários palcos em acção, cada um com um ambiente especifico, a acontecer ao mesmo tempo. Dificil é escolher. 



O espaço das crianças, onde se pinta, pula, dança, brinca e se comem guloseimas é, a dada altura do dia, o local mais activo do festival, com os pais a quererem aproveitar tudo enquanto os seus petizes se divertem.

De dia estamos de manga curta, à noite a temperatura vai abaixo dos 10 graus. Mas ninguém verga. Entre casacos, gorros e fogueiras espalhadas pelo recinto, o foco é em curtir o ambiente e a música.



Dos concertos que vi, a minha retina ficou dividida com duas actuações, que partilho:

BlackmotionDois malucos em palco que fazem a festa toda. Fazem os foguetes, lançam os foguetes, mas as canas ficam a dançar nas estrelas. Nada nem ninguém fica indiferente. É impossível ficar parado com este som, mesmo para os pés de chumbo.


Meute: Vários homens, formalmente vestidos, com instrumentos portáteis, pois ninguém fica no mesmo sítio, parecendo terem bicho-carpinteiro na palma dos pés. Produzem música electrónica com instrumentos da família dos clássicos. Surpreendente e contagioso…

Ao sol há aulas de tambor para todas as idades.



Na arena é uma festa, enquanto a música rola. Dança-se no intervalo das actuações. Não há tempo a perder.





Obrigado Bushfire e até para o ano…

1 comentário:

Anónimo disse...

Andre, que maravilha!!!!! Qual sudoeste.nao percebi o novo nome do país....beijinhos a todos AP