28 de novembro de 2010

Se a Terra parasse?


Este será dos poucos post’s que não tem a ver directamente com a minha Tertúlia aventureira Africana. Mas por achar o tema tão interessante, partilho convosco. O artigo saiu na edição de verão de 2010 da revista ArcUSER. Publicação que tem como especialidade a área dos mapas; digamos assim, para todos nos entendermos. É da autoria de Witold Fraczek e tem como nome sugestivo: “Se a Terra parasse?”. É um exercício de modelação espacial que não me compete avaliar, mas que me maravilhou pela ideia e me surpreendeu, em parte, pelo resultado.

Em primeiro lugar quero esclarecer aos leigos que a Terra não é uma esfera perfeita, azul e sorridente no meio deste Universo desconhecido. Longe disso. Esqueçam a lenga-lenga que nos ensinavam na escola primária de que a Terra é uma esfera ligeiramente achatada nos pólos. A Terra é um calhau disforme e de consistência algo viscosa, ou seja, muda de forma com o passar do tempo. Pronto, já disse…e desculpem se destrui algum do vosso imaginário!

A Terra pode-se aproximar à forma de um elipsóide e, sim, é ligeiramente achatada nos pólos, ou seja, a distância do centro de massa ao equador é maior do que a distância do centro de massa a cada um dos pólos. Mais precisamente, a diferença é de cerca de 21,4 Km. A Terra está sujeita a duas principais forças:

- Força gravitacional que nos atrai para o centro de massa;

- Força centrifuga que, devido ao movimento de rotação da Terra, nos empurra para o exterior.

O resultado é a tal força da gravidade que nos mantêm, literalmente, com os pés assentes na Terra. Ainda temos outras forças, como por exemplo a atracção da Lua (fora de divagações românticas) que nos molda de forma tão visível as marés. E para terminar, apenas a nota de que são os oceanos que nos dão um importante referencial para medir as altitudes dos lugares: o famoso nível médio das águas do mar, aproximado ao geóide.

Não me vou estender mais e desculpem se me demorei nesta explicação, mas acho importante contextualizar-vos para o que vem a seguir. Voltando ao artigo e à questão “Se a Terra parasse?”. Faria assim tanta diferença? Consideremos, convenientemente, que a Terra abrandava e parava ao fim de algum tempo. Porque se a Terra estancasse de repente seríamos projectados que nem pedras atiradas da concha duma fisga…e acabava-se a História toda!

- Se a Terra parasse de rodar em torno do seu eixo, mas continuasse o seu percurso em volta do Sol, os dias teriam a duração de um ano!;

- Se a Terra parasse, deixaria de existir a força centrífuga e assistiríamos a uma secessão de desastre naturais, nomeadamente terramotos, de forma à Terra se reajustar, dado o aumento da força da gravidade;

- Com a ausência de força centrífuga, seríamos atraídos para o centro da Terra com mais intensidade, pesaríamos mais e os oceanos ficariam sujeitos a mudanças;

- Os oceanos migrariam para onde a força gravitacional seria maior. Onde?...relembrem a contextualização anterior: para os pólos! Na zona do equador começaria a aparecer terra.

As maiores e mais imediatas diferenças sentir-se-iam nas latitudes altas (próximas do pólo) com a invasão da água, escoada do equador. Na presente geometria, temos um contacto físico entre todos os oceanos, facto que permitiu a Fernão de Magalhães fazer a circum-navegação. Com a paragem da Terra e a fuga dos oceanos, ficaríamos com uma geometria terrestre oposta à actual: dois grandes oceanos independentes, sem contacto e uma massa continental contínua.

Dar-se-ia inicio a um novo período de audácias e far-se-ia a cicum-deslocação terrestre. Devido à forma da Terra, a diferença altimétrica entre os dois oceanos seria de cerca de 1400 metros. Teríamos que estudar novamente as altitudes dos lugares que hoje damos por conhecidas, pois com o movimento dos oceanos, a nossa referência iria sofrer alterações. Na imagem seguinte, um pormenor do que aconteceria na América do norte: um Canadá submerso, novas praias em Nova Iorque e os carros antigos de Havana poderiam ir a rolar até desfilarem em Miami, uma cidade do interior!

A simulação feita pelo autor negligenciou alguns factores, que poderiam ser relevantes. A modelação é puramente matemática e só considera a ausência de força centrífuga, em consequência do abrandamento da Terra.

O mais assustador é que, segundo o autor, há cientistas que estão a fazer estudos sobre a velocidade da Terra. São alterações infinitesimais, mas parece que existem: a Terra está a abrandar! Há 400 milhões de anos parece que a Terra girava 40 vezes mais em torno do seu eixo durante o seu passeio em volta do Sol. Fazendo as contas, vai continuar a abrandar, até parar, daqui a 4 biliões de anos. E nessa altura, meus amigos…é que vamos ver como se vai passar da teoria à prática…

10 comentários:

Fada da felicidade disse...

: - O Estás a dizer que a Terra é assim estilo pedaço de plasticina mal amassado? :(

Então e aquelas fotos que vemos nas revistas e as imagens dos programas de televisão, captadas por satélites? Parece tão perfeitinha :)

André disse...

Parece perfeita porque a dimensão da Terra é muito grande e as deformações estão exageradas na 2ª imagem...

Fada da felicidade disse...

AH!! UFFFA ;)

Sara disse...

aaaiiiiiiiiiiiiiiii....podes recomecar em linguagem para mim???? ou seja...primaria!!!!! please???? como a terra nao e redonda??? agora e que me dizes isso??? a minha professora D. Marilia da primaria enganou-me??? e deu-me imensas reguadas!!!
escurpa pa.....redonda ela e!! voce exta a sofrer di quarquer probrema qui eu nao intendi!!!
:))

Anónimo disse...

Professor André, há um documentário muito interessante da Nat. Geo. acerca deste assunto, e foco estes aspectos que disse e as alterações comportamentais dos seres humanos e restantes animais. O exagero de escala na figura elipsóide\geóide é que está a fazer confusão ao " auditório " :p

Abraço
Eduardo Pândega

xico disse...

vou guardar este mail e daqui a 6 biliões de anos falamos a ver se o teu amigo Witold sempre tem razão.

A mim interessa-me particularmente a parte das mais e menos rotações:
Vamos ficar com menos dias... Corta-se na semana ou no fim de semana?
O que vai acontecer? a rotação em volta do sol demora o mesmo tempo e os dias passam a ter mais horas, ou os anos ficam mesmo mais pequeninos?
Fica já o meu aviso: Eu não trabalho mais que 8 horas ao dia! E é bom que comecem já a fazer as contas para as reformas para não termos o mesmo problema de Segurança Social daqui a 6 biliões de anos! Têm muito tempo ra fazer as contas!

Joana disse...

epá...que bela problemática para abrir a semana...

Casola disse...

Mt obrigada pela aula sr engº! ;) Mt interessante este tema.
Bj

André P disse...

Bem visto Xico...os dias poderão aumentar, até ao limite de durar um ano! Pode complicar bastante essas importantes questões laborais...

Esperemos que a crise nessa altura já nos tenha deixado e que não seja preciso trabalhar turnos de 365 dias!!

Anónimo disse...

POIS É....É PENA MAS É VERDADE.OS RELOGIOS EM TODO O MUNDO ESTÃO SENDO ADIANTADOS JÁ HÁ MUITO TEMPO PARA CONPENSAR A PERDA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DA NOSSA CASA.