13 de fevereiro de 2020

Restrição de água

A notícia chegou pelas redes sociais no Sábado de manhã, e depois confirmada num comunicado oficial.

A ponte que sustenta os tubos de abastecimento de água às cidades de Maputo, Matola e Boane (mais de 2 milhões de pessoas) cedeu e a canalização foi interrompida. A previsão era de 10 dias sem água, ou com muitas limitações de abastecimento. Faziam-se apelos à poupança de água. A foto que acompanhava o comunicado confirmava a terrível notícia.


Depois do pensamento “que chatice”, fui visitado por uma reflexão: “Estarei preparado para viver com restrições de água?”. Porque embora tenha uma preocupação geral e antiga de poupar água, só quando a palavra “restrição” se junta à sua distribuição é que me apercebo que posso tomar duches mais curtos, racionalizar o autoclismo, tornar a lavagem da loiça mais eficiente. Ainda não aplico a reutilização da água, mas é um plano que tenho cá para casa, como por exemplo a água do banho ainda servir para alimentar o autoclismo.

Viajei assim numa possível previsão pessimista de restrição mundial de água (já estivemos mais longe)! Um cenário que vai obrigar certamente a uma reeducação de uso de água para mudar os nossos hábitos.

Mas enquanto isso não acontece e a solução (ainda) estiver ao alcance, veremos as carrinhas de distribuição de água a invadir as ruas das cidades, como aconteceu em Maputo nessa mesma tarde de Sábado.


Assim, os tanques voltam a encher numa tentativa de contornar a tal de restrição. Não coloquei esta hipótese cá para casa, pois com a grande demanda à água a especulação deve ter sido imediata.

Ao consultar a previsão meteorológica para os próximos dias, sorri! Agradeci a São Pedro por ser tão generoso e no momento tão oportuno. Chuva abundante durante 4 dias significaria que haveria água para todos, bastava aproveitar. 


Cá em casa orientamo-nos para captar a água da chuva em baldes e alguidares, para atenuar a tal da restrição…afinal ela caía de forma gratuita do céu e precisamente no período crítico.

Não tirei nenhuma foto, mas fui presenteado com este vídeo, feito em Maputo, por uma senhora que desconheço, mas à qual quero saudar pela sua "tecnologia" feita com astúcia, proactividade e visão. Com uma engenharia simples, garantiu água para os serviços básicos certamente.




Que continue a chover, contrariando assim uma tendência (cada vez mais real) de falta dela nalguns locais. E que a saibamos aproveitar…
  
No final de contas, a situação não tem sido assim tão má (sim, no momento que vos escrevo ainda estamos com restrição de água). O abastecimento tem sido feito alternadamente nas diversas zonas da cidade, contando com água a cada 2 dias que, com o sistema de depósitos e bombas de que vos falei, nem se nota a falta de água nas torneiras.



Fica registado o acontecimento como uma premonição de cenários mais difíceis que possam vir. Fica feito o exercício de sobrevivência e o aviso sério de que poupar água é o caminho.

2 comentários:

Diana NC disse...

Mas como somos especiais, vamos esperar até acabar mesmo, depois vamos ficar uns tempos a queixar-nos do governo e do vizinho, e depois lá faremos um plano.

vans.alves disse...

Como sempre,uma delícia constante as tuas histórias.
Essa senhora,com esse vídeo,ganhou tudo! 😉
Boas águas André!